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O destino da humanidade
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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O final de um ano leva-nos necessariamente à reflexão do destino da humanidade e nos remete aos seus primórdios na consideração do seu surgimento.Deus nos criou por amor, diz a canção depois de perguntar: “Você já pensou por que Deus nos criou?”

Acontece que este plano de amor, que inseriu o Espírito Divino em todas as coisas, foi quebrado pelo mau uso da liberdade, maravilha de que Deus dotou a mais alta de suas criaturas, a quem entregou o poder sobre todo o criado, fazendo-o participante da sua imagem. E esse domínio sobre todas as coisas foi perdido devendo ser reconquistado com o suor do rosto da humanidade, através de seus erros e acertos até que, na plenitude dos tempos, pelo sangue derramado na cruz pelo Filho de Deus que se fez Filho do Homem fossem restauradas todas as coisas.

A Ele foi dado o império e a glória, o poder de julgar os povos e nações segundo a adesão pela fé. Ele foi constituído Rei do Universo, sujeitando a si todas as criaturas, pois, por Ele foram criadas e por seu sangue reconduzidas à dignidade primeira do plano divino.

O título de Rei não é unívoco. E quando aclamamos a Cristo o Rei do Universo, muitas vezes temos a imagem do poder terreno dos reis deste mundo e da história dos impérios históricos, desde o absolutismo com o poder de vida e de morte até os reinados constitucionalistas.

Pilatos mesmo ao julgar a Cristo, quedou-se mudo diante da resposta de Jesus de que seu Reino não era deste mundo e que não fazia sombra a César, mas sucumbiu à gritaria de que se libertasse a Jesus se faria inimigo do Imperador. Nós também temos a tentação de entender o reinado de Cristo com olhos humanos. Entendíamos a Cristandade como domínio temporal. A própria festa de Cristo Rei foi instituída com um cunho um tanto triunfalista, como oposição ao domínio do Mal representado pelo Comunismo.

Mas, o Reinado de Cristo se estabeleceu, como afirmou o mesmo Jesus, para dar testemunho da verdade (Cf. Jo. 18,37). Deus o ungiu quando se ofereceu, no alto da cruz, como vítima pacífica e imaculada para a redenção da humanidade, que a Ele é sujeita na mesma liberdade com que rompera o plano criador pela aceitação ou recusa da graça,  para que constituísse o seu Reino Universal de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz.(Oração eucarística –prefácio, da festa)

São Paulo, na Carta aos cristãos de Colossas, num hino de culto e louvor, expôs com clareza os fundamentos deste Reino e a misericórdia divina que, dando-nos a fé nos transportou das trevas do pecado à luz do Reino de Cristo.

Em Cristo foram criadas todas as coisas e é nele que elas se mantêm. E por Ele e nele foram reconciliadas e pacificadas pelo seu sangue. O seu Reino não é como os reinados deste mundo. Fundamenta-se na criação por Ele de todas as coisas, tiradas que foram do nada e por cuja desobediência, para resgatá-las, pagou alto preço com seus sangue.

João, o apóstolo, depois de descrever a luta do poder das trevas para impedir a redenção, nos mostra nos capítulos 20 e 21  do Apocalipse,o triunfo do Cordeiro a quem foi dado o poder de julgar os vivos e mortos.

Então surgirá no céu o sinal do Filho do Homem e todas as famílias da terra hão de chorar e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu com poder e grande glória” (Cf. Mat. 24,30)predisse  Jesus.

Então aparecerão o novo céu e a nova terra que realizam todas a profecias, a cidade santa iluminada pela gloria de Deus e a luz do Cristo:”Esta é a morada de Deus com os homens. Ele habitará com eles; eles serão seu povo e Ele será o Deus com eles.Ele enxugará toda a lágrima de seus olhos  e não haverá mais morte, nem luto nem choro, nem dor, pois o mundo antigo já passou.”(Cf. Apoc. 21,3).



 
 
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