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Evangelho, força de Deus
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Ainda no mês das Missões, vamos refletir sobre o missionário e o mundo. Sabemos pelo ensinamento de Jesus que o mundo odeia os seus discípulos porque antes odiou aquele que lhe vinha trazer a paz (Cf. Jo.15,18)

O mundo, revela-nos o Evangelho de João, nas trevas do pecado, não acolhe a Luz. Nem mesmo o povo segregado entre todas as nações, preparado pelo ensino dos patriarcas e a pregação dos Profetas, a recebeu. Na cruz pensaram extingui-la, mas, triunfante, ressurgiu realizando o plano salvífico de Deus, proclamado pelo Espírito na voz apostólica e missionária, anunciando a realização da plenitude do tempo.

O mundo e o demônio sabem que seu fim já é chegado, que têm pouco tempo e, embora seu poder, como o do dragão apocalíptico que arrastava um terço das estrelas do céu, queda-se diante da Mulher que estava para dar à luz. Figura de Maria e da Igreja que traz ao mundo o Cristo morto e ressuscitado, na missão salvadora e apostólica, quer devorar seus filhos e os persegue como perseguiu o Primogênito.

A vida do cristão-missionário é uma luta constante. O ódio do mundo, instigado pelo demônio, se manifesta, ora violentamente, encharcando a terra com o sangue dos mártires e santos, ora, como no momento presente, na destruição dos princípios éticos e morais decorrentes do Evangelho. Sorrateiramente penetra nas estruturas sócio-culturais, minando a Verdade.

Ouvimos hoje, tão intensamente como nos séculos passados o clamor dos mártires, perseguidos e mortos por causa da justiça e do mandamento do amor. Mas, a astúcia do príncipe das trevas vai mais longe. Já percebeu que o sangue dos mártires é sementeira de novos cristãos e, então, procura agir insidiosamente por dentro das estruturas, instilando o veneno da mentira e da morte sob as aparências de novidade e de progresso até mesmo na Igreja, como dizia Paulo VI, dentro de cujas paredes sente-se a fumaça de satanás que, se possível fora, até os eleitos poderia contaminar (Cf. Mc 13,22).

São Paulo já previra, quando instruía a Timóteo (Cf. 2Tim.4,3): “Pois virá um tempo em que as pessoas não suportarão mais a sã doutrina, mas ao contrário, ao sabor de suas paixões  e pelo prurido de ouvir, fabricarão para si mestres  em quantidade e afastarão seus ouvidos da verdade e se voltarão para as fábulas” .

Isso exige do missionário um testemunho radical do evangelho em todos os setores da vida: na fé em primeiro lugar, na cultura, na economia, na filosofia, nas ciências e artes. Para isso ele deve estar preparado.

O Concilio do Vaticano II, apresenta a Igreja como portadora da Luz dos Povos “Lumen Gentium”, a Mãe e Mestra da Verdade, e exige de todos os que acolhe em seu seio,  que crêem no Cristo, que sejam portadores dessa Luz.  Eles devem estar preparados para se oporem às tramas diabólicas de destruição da Verdade.

O cristão missionário não titubeia diante da oposição do mundo, não tem medo dos que podem matar corpo, mas não têm poder sobre a liberdade do espírito. Ele conta com a força de Deus, e crê na vitória de Cristo que virá na sua glória julgar povos e nações e precipitar no castigo eterno o demônio e seus asseclas (Cf. Apoc.20, 10-15).

Para ele, o Evangelho revela a justiça de Deus que nasce da fé e a ela conduz (Cf. Rom. 1,17). Como São Paulo, “não se envergonha do Evangelho, porque ele é força de Deus para todo aquele que crê, do judeu primeiro e depois do grego. (Cf. Rom. 1, 16).

Essa a principal disposição daquele que, batizado, tem a missão de anuncia aos homens a salvação. : “Tu, porém, sê vigilante em tudo, suporta a adversidade, cumpre tua missão de pregar o Evangelho, exerce o eu ministério (Cf. 2Tim.4, 5).



 
 
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