Mãe do Rosário |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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A ti, Senhora, de júbilo radiosa
A ti, transpassada pela espada da dor,
A ti, coroada de imortal glória,
Subam nossos hinos e louvores
Se percorrermos o mapa das cidades antigas Brasil, sobretudo de nossa Minas Gerais, vamos sempre nelas encontrar uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário e, em geral erguida pelos negros cativos. Na simplicidade da oração do terço encontram-se presentes todo o mistério da redenção, o Cristo, o Filho de Maria, que vindo habitar entre nós, nos libertou dos laços do pecado.
Gente pobre, sem saber ler nem escrever, repetindo as Ave-Marias enquanto passavam as contas do rosário, tinham a Bíblia em suas mãos, guardando em seu coração a Palavra e o amor de Deus que, por Maria veio salvar-nos. Desde a encarnação do Filho de Deus até a sua ressurreição gloriosa é Deus presente entre nós. É Maria que nos ensina, ela que apreendeu do Verbo o mistério de Deus.
O santo rosário parece, à primeira vista, uma oração pobre, uma oração dos simples. Mas, lembremo-nos, da simplicidade e da pobreza que marcam o Reino. Muita sabedoria deste mundo não consegue sequer rastejar diante da clarividência que nos abre a fé. Contemplando esses mistérios do Rosário, diz-nos São Bernardo, contemplamos o próprio Deus, recolhendo da fonte fecunda de Maria o que Ela hauriu nas alturas celestes. Ela é o aqueduto pelo qual recebemos as águas da salvação. Colocamos nossa vida em confronto com a bondade de Deus e imploramos sua misericórdia.
Meditando a presença de Maria neste plano da salvação, na sublimidade de sua linguagem, o mesmo São Bernardo proclama que Deus quis assumir a natureza humana através de uma mulher, uma virgem, fazendo-se semelhante a nós, a fim de arrancar o espinho pestífero e rasgar o testamento do pecado. E conclui: “Eva foi o espinho. Maria floresceu como rosa. Eva feriu-nos com o espinho. Maria, rosa, encheu-nos de amor. Eva, espinho, infringiu-nos a todos a morte. Maria, rosa, trouxe-nos a alegria da salvação.”
Maria está presente em cada um dos mistérios do Rosário, Ela é a co-redentora. Alegra-se com a saudação do anjo e na visita a Isabel. Seu coração transborda de júbilo ao dar à luz o seu Filho, que era a própria Luz, ao oferece-lo no templo, ao encontrá-lo ocupado nas coisas do Pai. Silenciou-se, ouvindo a pregação do Reino, que se antecipava na instituição da Eucaristia. Sofreu em seu coração a agonia no horto das Oliveiras, a cada açoite, ao vê-lo coroado de espinhos e, carregando a cruz até a morte. Não vacilou na fé, acreditou na vida do Ressuscitado. Estava presente na irradiação da sua Igreja pelo Espírito Santo e, pela sua fé recebeu a coroa da glória, onde está a interceder por nós.
Hoje, quando o mistério da iniqüidade se manifesta com tanta intensidade, quando a humanidade julga poder se dispensar de Deus e os vícios e pecados campeiam, no recolhimento da recitação do rosário encontramos a força e a graça da vitória, porque sentimos, em cada mistério, a presença de Deus que, pelas mãos de Maria, nos oferece a sua graça.
É preciso rezar, orar sem cessar. A recitação do santo rosário tem uma facilidade. Em qualquer lugar a qualquer momento, podemos elevar nossa mente a Deus e, lembrando-nos de sua misericórdia, louvá-lo, agradecer e pedir. Sua fórmula, calma, serena, tranqüiliza nosso espírito. E uma oração do tempo presente, pessoal, em família, em comunidade, na aflição e na alegria.
Neste mês de outubro, mês dedicado à Virgem do Rosário e às missões, procuremos reavivar nossa fé pela recitação do santo rosário. Contemplando com Maria os caminhos do amor de Deus para nos libertar do poder do pecado e da morte e conduzir-nos à plenitude da vida, vamos implorar ao Pai que os homens se abram à sua palavra e abençoe a todos nós que realizamos nossa tarefa missionária.
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