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A Gloria De Maria
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Celebramos neste domingo, transferido no Brasil do último dia 15 de agosto, a glória de Maria Santíssima que, como primícias das criaturas redimidas realizou em si e em sua vida a plenitude do mistério da redenção. Maria foi elevada ao céu, alegram-se os anjos bendizendo ao Senhor.

No paraíso terrestre, nossos pais quiseram ser iguais ao Criador e deixaram dominar-se pelo orgulho e soberba. Inocularam em nossos corações a sede da auto suficiência e do egoísmo. Tornamo-nos, como séculos e séculos mais tarde, expôs um filósofo, lobos uns para os outros, na ânsia da destruição do próximo para imperarmos sozinhos

Mas, Deus, na sua misericórdia, enviou-nos o seu Filho, que é a nossa paz e que suprimiu, na sua humanidade, a inimizade e o orgulho, a fim de criar na sua Carne o Homem Novo (Cf. Ef. 2,14).

A redenção não é só um fato histórico. Realizado no tempo, perdura pela ação do Espírito em toda a história, penetra em todo o cosmo, implementando tudo com o sangue redentor de Cristo: O Cristo cósmico, o Cristo total.

Todo isso se faz pela plena adesão à obediência ao Pai, como reza-se no salmo e reafirma-se em Hebreus: “Não quiseste vitimas e sacrifícios, Então eu disse: eis que venho, o Pai, para fazer a tua vontade”(Cf. Heb.10,15). E no Evangelho de João (1,12) está escrito: “a todos que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os que crêem em seu nome, que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” e São Paulo nos ensina que aos predestinados Deus os fez à imagem de seu Filho (Rom).

À medida que nos deixamos penetrar da redenção extinguindo o egoísmo do homem velho estamos renunciando às obras do Mal, vamos vencendo os inimigos que desde o pecado de Adão nos insidiam. O último inimigo a ser vencido é a morte da qual nos livraremos quando ressuscitarmos com Cristo.

Em Maria, o mistério do amor se realizou totalmente. Isenta do pecado de Adão, embora submetida a todas as vicissitudes temporais, seu coração dirigiu-se inteiramente à realização do plano divino. Nele jamais se aninhou o egoísmo, vencido pelo amor que fez com que na humildade da serva ela se pusesse á obediência de Deus e ao serviço dos irmãos. Gerou o Cristo histórico e continua gerando o Cristo total em nós e em tudo porque pelo seu sim, assumiu a co-redenção: “instaurar tudo em Cristo”.

Sua corporeidade adquiriu, pelos méritos de sue Filho e sua adesão total a Ele, a plenitude do Homem Novo, o Corpo Espiritual que, superadas as condições do pecado, já não morre, porque adquiriu a dimensão do Ressuscitado.A Ela também pode se aplicar o texto do salmo 16,10, “não ´permitirás que teu santo experimente a corrupção”.

Assim, chegado ao termo de seu crescimento no tempo, como seu divino Filho superou o vale da morte e foi glorificada, elevada ao céu em corpo e alma, na figura que temos de como se realizará o premio assegurado a todos os que se conformaram com o Cristo pela sua morte e ressurreição. “O morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está teu aguilhão? (Cf 1Cor. 15,54)

Maria foi privilegiada por Deus porque obedeceu, porque abriu seu coração ao amor, até no momento supremo, em que, como o Pai, não poupou seu Filho, mas o entregou-o a morte por todos nós.

Também nós seremos glorificados se abandonarmos as trevas e a escuridão do pecado e de suas manifestações da luxúria, da inveja, da avareza e do ódio e superarmos o egoísmo pelo amor, “até alcançar aa medida da estatura da plenitude de Cristo” (Cf. Ef. 4,13)

Nesta festa, olhando para nossa Mãe do Céu, por sua intercessão sabemos que teremos força de caminhar na mesma direção para poder aclamá-la, como Dante: ”Virgem Mãe, Filha de teu Filho, humilde e altíssima criatura, termo final do divino Conselho”.



 
 
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