V CELAM e Bento XVI. |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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“Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...”(Cf.At.15,28).Estão reunidos em Aparecida, os bispos da América Latina e do Caribe na Quinta Assembléia Episcopal, aberta pelo Papa Bento XVI que, na sua alocução, argüiu problemas que afetam a Igreja neste Continente e que precisam ser equacionados à luz da fé.
É de se notar que não foi uma fala frustrante, ela própria definindo posições para mera aprovação do Episcopado. Foi um encaminhamento dos temas por aquele que recebeu de Cristo a missão de confirmar seus irmãos. Sua primazia é um dever para aqueles que “o Espírito Santo constituiu guardiães para apascentar a Igreja de Deus, que ele adquiriu para si pelo sangue de seu próprio Filho” (Cf. At. 20,28) e aos quais Paulo advertiu para estarem atentos a todo o rebanho.
Como Pedro, no assim chamado Primeiro Concílio, que abriu a reunião onde fixou a linha mestra da doutrina sobre a evangelização dos gentios: “É pela graça do Senhor Jesus que nós cremos ser salvos, como também eles” (Cf. At.15.11). Não impôs. Tanto que, a partir daí, a assembléia ouviu o testemunho de Paulo e Barnabé, tendo Tiago, uma das colunas mestras da Igreja nascente, como é nomeado, ressaltando a importância das palavras de Pedro, concluindo a Assembléia com o texto com que iniciamos este artigo.
Jesus, antes de ser exaltado, despedindo-se dos discípulos lhes garantiu a perenidade de sua presença pelo Espírito Santo, como lemos na Escritura nos textos das leituras que fazem parte da liturgia da missa neste tempo e, sobretudo, na festa da Ascensão e de Pentecostes.
A presença do Espírito Santo na Igreja, em suas pequenas comunidades e também quando tem de decidir na sua universalidade é clara e patente, garantindo a verdade: “Ele vos ensinará toda a verdade”.
Porção dileta da Igreja, a região que representa a maior aglomeração de católicos do mundo, constitui uma grande esperança para a evangelização: -“Discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nele nossos povos tenham vida”num vasto território de grandes carências e, ao mesmo tempo, de grande potencial.
O mundo está em constante evolução e, por isso mesmo, precisa ser iluminado pela luz do Evangelho. O desenvolvimento social, técnico e científico, fruto dos grandes dons que o Senhor nos concedeu, a inteligência e a liberdade, dada a limitação humana e a presença do pecado, precisa ser redimido, reconhecer a presença da Luz que espanca as trevas a que nos conduziu a ruptura de Adão com a Fonte da Vida.
Temos uma riqueza imensa nesta natureza pródiga e que, graças a aplicação dos meios criados pela ciência, permite-nos gozá-los como nunca anteriormente. No entanto, o Mal, inserido no nosso meio, ao mesmo tempo não limita sua ação e provoca os danos ecológicos que são capazes da destruição e da morte. Os bens materiais nunca foram tão abundantes, mas a cobiça coloca-os nas mãos de poucos. Descobriram-se os caminhos da origem e desenvolvimento do universo e da vida e tenta-se eliminar a própria vida. Desvia-se da ética que deveria ser o norte da evolução.
Com sabedoria e prudência e à luz da verdade a Igreja orienta os fiéis e denuncia à sociedade os desvios e erros.
Sua ação pastoral deve se pautar por uma audácia evangelizadora a fim de levar a Vida aos povos. E nesse sentido ela tem de se abrir e participar, não se fechando, como se dizia outrora, na sacristia. Não pode circunscrever-se apenas aos ministros sacros. O Batismo nos faz a todos apóstolos e, sobretudo nas atividades seculares do dia a dia, mais do que nas igrejas é nossa missão para levar a justiça e assim trazer a paz, anunciando o Evangelho.
Esperamos e para isso oramos intensamente, sobretudo nesta novena que precede a festa de Pentecostes, que o Divino Espírito, ilumine os nossos bispos e lhes dê a força dos apóstolos para anunciar a redenção de nossa gente e para nos mostrar os caminhos que devemos trilhar para levar a Luz verdadeira a todos os setores do nosso dia a dia e da sociedade em que nos inserimos e sermos -“Discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nele nossos povos tenham vida.”
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