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Não pequeis mais!
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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A Quinta Semana da Quaresma nos coloca diante de duas imagens: a de Suzana e da adúltera, diante do BATISMO e da PENITÊNCIA.

A história de Suzana fazia parte da antiga catequese catecumenal. A Igreja dos primórdios mostrava ao catecúmeno como Suzana, falsamente acusada de adultério foi injustamente exposta à morte. Todos os que se preparavam para o Batismo deviam aprender dessa mulher forte e pura a fidelidade à Palavra de Deus e a integridade da consciência, acima de tudo, acima de qualquer risco.

Salvo por Cristo da morte eterna, é o cristão também obrigado a ser fiel a Deus: Fé e comportamento íntegros. É o que se espera do batizado. Coragem como a de Suzana. Repetir o que se encontra em Daniel 13,23: “Para mim é melhor cair em vossas mãos sem ter cometido pecado”. No Evangelho de hoje, encontramos a mulher, não inocente, como Suzana, mas acusada de adultério, portanto, pecadora. Embora adúltera, é livre do pecado, perdoada não por um profeta, mas pelo próprio Filho de Deus, o Único que pode redimir pecados.

As palavras “quem de vós estiver sem pecados, atire-lhe a primeira pedra” vão-se um por um e fica só a mulher com o Senhor, fica só a miséria com a Misericórdia,  para usar uma expressão de Agostinho. A Misericórdia diz então para a miséria: “Vai e não peques mais”. O Senhor absolve a pecadora. É assim que acontece na liturgia e na vida. Deus nos perdoa inteiramente.

Embora batizados temos sempre a possibilidade de pecar. Os homens então gritam por escândalo e condenam. Jesus, ao contrário, que veio para resgatar com sua vida o pecador, perdoa, pois quer que nenhuma ovelha se perca. “Vai e não peques mais”.

O Batismo nos enxerta em Cristo, a Penitência firma o enxerto quando se enfraquece, remove os obstáculos quando o curso da seiva de Deus não nos atinge mais, aumenta o influxo do Mistério Pascal no nosso mistério.

Que possamos viver este Quinto Domingo da Quaresma nesta perspectiva do Batismo e da Penitência, inseridos na Cruz do Cristo, nossa única esperança.

Uma oração da Beata Ângela de Foligno nos ajuda neste final de Quaresma todo feito de Batismo e de Penitência, em resumo de CRUZ: “Ó Deus-Homem apaixonado, suplico-vos com toda a minha alma, daí-me a graça de jamais afastar-me de vós. Quero procurar, o mais que puder, fixar em vós o olhar. Quero continuamente voltar-me para nós e percorrer os caminhos da paixão e da cruz”.



 
 
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