Eu quero a misericórdia! |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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A ovelha perdida, a dracma perdida e o filho perdido, três analogias que se encontram em Lc 15 como resposta de Jesus aos seus interlocutores. Ele levanta os pecadores e se encontra no meio deles.
A Palavra última, a resposta final é a misericórdia, não a justiça. O irmão mais velho do “Filho Perdido” clama por Justiça. Ele, em sua sabedoria, tem o direito. Mas Deus é maior do que o nosso coração. Ele pode perdoar tudo e o faz com alegria, o faz com amor.
Ele assim o faz porque Deus é Alegria e é AMOR. Deus não nos esquece, nunca. Como a mãe que nunca abandona seu filho, Deus não nos abandona, mesmo quando caímos, quando nos afastamos, quando nos perdemos. Ele está sempre no meio de nós, diante de nós para nos redimir, para nos salvar. É isto, só isto que Ele deseja.
Jesus quer nos reconciliar com Deus. Ele é o Filho muito amado, o Primogênito do Pai que, por ser Deus, não falha nunca. Como nos diz João em sua primeira Carta(Cf. 1 Jo 4,10), não fomos nós que primeiro amamos, mas Deus nos amou primeiro e o fez em Seu Filho. Para perdoar os pecados, Deus se entregou e se entrega até hoje, em nossos altares, derramou e derrama, até nossos dias, seu Sangue, por todos e por cada um de nós, por mim, especialmente.
O grande poeta católico Charles Péguy nos diz que o Filho Pródigo teve sorte porque foi o filho perdido e não o direitinho. O Pai teve “dois filhos”. O Senhor tem muitos filhos.
Oxalá possamos nós ter a mesma sorte do filho que se arrependeu. Que esta parábola tenha um profundo eco em nossas vidas, neste quarto Domingo da Quaresma. Deus quer ser misericordioso conosco. Abramos o nosso coração. Que a humildade do Filho de Deus feito carne o inunda e o plenifique.
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