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Perdão, Senhor, misericórdia!
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Desde o Século IV, os cristãos se preparavam para a Páscoa, pois eram, desde então, muito conscientes que esta Solenidade era a mais importante para as suas vidas. O Mistério Pascal é o centro, o núcleo da vida cristã e o sentido último de nossa existência: Morrer e viver N’Aquele que morreu e viveu: em nossa carne humana, como Deus.

Esse período de preparação para a Páscoa acabou por se fixar, a partir do Século IV, em quarenta dias, número cheio de simbolismo. A história da salvação, os grandes eventos e os encontros decisivos do Homem com Deus giram em torno deste número.

Quarenta quer dizer TUDO: quarenta dias, um período de preparação para a maior das solenidades, a Páscoa, que atualiza o Acontecimento culminante da nossa Salvação. QUARESMA significa, pois, este período de quarenta dias e exprime, ao mesmo tempo, a totalidade da nossa vida, neste período de preparação, envolvida.

A bênção e a imposição das cinzas são uma prática penitencial muito antiga. Através da cerimônia simbólica da imposição das cinzas, a Igreja quer que reconheçamos a nossa condição de pecadores e nos disponhamos a aceitar, com humildade, a morte temporal, como conseqüência do pecado. Quer também que nos comprometamos a lutar contra o pecado, confiados na ilimitada misericórdia de Deus, que não deseja a morte do pecador, mas a vida em abundância.

Com este apelo à conversão, a Igreja dirige-nos também um doce convite ao jejum. Desta forma, privando-se de algo, o cristão manifesta a sua disponibilidade em seguir o Senhor e a amá-Lo acima de todas as coisas materiais e exprime a sua solidariedade a tantos irmãos privados de alimentos, de bens, de possibilidades, de oportunidades legítimas para se desenvolverem como seres humanos plenos.

Quaresma, tempo de conversão e de preparação para a Páscoa, se transforma assim, em “Quaresma de Fraternidade”. Este é o sentido teológico, litúrgico, moral e espiritual da CAMPANHA hoje iniciada na Igreja no Brasil.

Nós que ressuscitamos com Cristo pelo BATISMO, possamos, nesta Quaresma de 2007, fazer uma séria remissão de nossa vida cristã, morrendo para o mal e nascendo para a vida divina, de modo a participarmos, mais intensa e vitalmente no Mistério Pascal da Morte e Ressurreição do Senhor.

Como nos pede a Regra de São Bento, num dos Documentos fundantes da nossa Cultura Ocidental, “aguardemos a Santa Páscoa, na alegria do desejo espiritual”.

Com as cinzas das palmas do Domingo de Ramos do ano de 2006, celebramos esta Quarta-Feira de Cinzas, a entrada na Quaresma de 2007 para chegarmos à Páscoa. Eis, pois, o sentido último de nossa peregrinação litúrgica: de quaresma em quaresma, de Páscoa em Páscoa, de vida em Vida.



 
 
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