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Nossa segurança está em Deus!
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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“Esto mihi in Deum Protectorem” (Cf. PS 30,3)

“Sede o meu protetor, ó Deus, um lugar de refúgio, uma cidadela onde eu me salve. Vós sois a minha força e proteção; pelo vosso amor, guiai-me e conduzi-me”. (Sl 30,3-4).

“Segurança” é a palavra mais pronunciada e almejada em nossos dias. É um termo que se opõe à “violência”, tão presente em nossas cidades, em nossos ambientes de trabalho, em nossas famílias, enfim em nossa sociedade. Falta-nos a Segurança.

O “Seguro”, não deixamos de fazê-lo para as nossas propriedades, para o nosso carro, para as nossas vidas. Segurança quer significar, pois, amparo, proteção, confiança.

Quanto mais desenvolvida for uma instituição, maior será o grau de “amparo”, de pertença psicossociológica dos seus integrantes. Pois é assim.

Lucas, no capítulo sexto de seu Evangelho, nos fala sobre o sentido exato, pleno, desta segurança e é exatamente esta a mensagem que ele nos comunica neste Domingo. Quem está seguro no Evangelho de Lucas? Só quem é ABENÇOADO POR DEUS. E quem o é? Feliz, abençoado é todo aquele que preenche as condições evangélicas para a cidadania no Reino. Aqui nos confrontamos com quatro bênçãos, quatro condições para o processo da felicidade plena aqui e depois.

São os conhecidos “macarismos” de Mateus no “Sermão da Montanha”(Mt 5-7): Felizes são os pobres, os famintos, os que choram, os itinerantes do Reino. Felizes os que sofrem fome de comida e de justiça, os que possuem um coração para amar, felizes os humildes do Reino. Bem-Aventurado, feliz, abençoado quer dizer: “Você está de PARABÉNS!”.

Sim, PARABÉNS! Mateus e Lucas colocam na boca de Jesus o que o Salmo 1 expressa através de um cantor: “Feliz o homem em seu caminho, que anda na lei do Senhor”. Parabéns! Feliz! Este é o modo como o Salmista o saúda. O pobre está de parabéns porque vive de esperança, porque coloca a sua expectativa toda em Alguém que pode lhe dar a vida: “Esto mihi in Deum Protectorem”(Cf. PS 30,3).  “Sede o meu protetor, ó Deus”. (Cf. Sl 30,3).

O Rico é aquele que só tem tempo para si, é aquele que não o tem para Deus e para os outros, aquele que não consegue ver senão a si mesmo e o que lhe interessa como conveniência. Os pobres, os famintos precisam, necessitam de todos e de tudo, de Deus, sobretudo. Por isso, serão saciados.

Um grande pensador contemporâneo, Maurice Blondel, nos diz explicitamente: “É se abandonando (de si mesmo) que o Homem se abandona em Deus”. Temos um motivo fortíssimo para nos abandonarmos (de nós mesmos) e nos abrirmos inteiramente para Deus, a exemplo de seu Filho único: somos filhos da sua Ressurreição (Cf. 1 Cor 15, 12.16-20).

Se não houvesse um Ressuscitado não haveria Ressurreição; nossa fé e nossa esperança seriam projeções sem sentido. Mas há um Redentor e há, por conseguinte, Redenção para cada um de nós. O Cristo morreu e ressuscitou por mim.

Esta é a verdade absoluta que dá sentido, que ilumina, que sustenta a nossa existência. Esta é a “segurança”, não a que é feita por mãos humanas, por armas construídas para matar, mas a que o próprio Deus nos outorga para viver e para trazer vida, para TODOS.

Escutemos o Evangelho de Lucas, sobretudo a narrativa lida no Domingo de hoje, o Sexto do Tempo Comum, como se nos fosse dirigida. Sejamos os pobres do Reino, para que Deus possa cuidar da nossa miséria. Nossa Segurança só pode estar Nele. Ele é a nossa Força e Proteção.

uma doutrina ou uma lei ou um código moral, mas é levar uma PRESENÇA.



 
 
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