A Epifania do Jordão |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Na Liturgia Romana, o Natal do Senhor é simplesmente o início de uma série de EPIFANIAS do Filho de Deus na carne. Deus se encarna no seio de Maria e nós celebramos o seu nascimento no dia 25 de Dezembro. Esta Epifania de Deus na história é o início de outras.
Aquela que acontece diante dos Reis Magos e uma outra manifestação mais clara ainda, a mais nítida revelação do Filho de Deus atestada por uma Teofania: “Tu és o meu Filho amado”(Cf. Lc 3,22). Esta, precisamente esta, nós hoje a celebramos quando a Liturgia faz o memorial do BATISMO DO SENHOR.
O Batismo de Jesus é o “apex” de todas as Epifanias, é a Festa do Jordão onde Deus nos quer revelar a Sua Face através do Plano que Ele tem para o Seu Filho e, “a fortiori”, para todos nós.
Ele é o Filho de Deus único, o “Monógeno”, consubstancial ao Pai, mas também o Primogênito de todos os irmãos que somos nós. Deus se nos manifesta para que possamos ser.
O Espírito de Deus que conduz seu Filho ao Deserto, à Galiléia, a Jerusalém, ao Gólgota, é o Mesmo que hoje proclama para nós, na Liturgia: “Hic est Filius meus dilectus”. (Cf Lc 3,22). Jesus se deixa batizar por João para assumir, até às últimas conseqüências, a vontade do Pai.
Só assim pode nos resgatar. O Filho de Deus desceu ao “Reino do Pecado”, sem por ele se corromper, para nos transformar em graça. N’Ele somos imersos e transformados, ele é a cabeça, nós os membros. Ele é o “Monógeno”e o Primogênito de muitos irmãos.
A Pregação de Pedro nos Atos (Cf. At 10,34-38) é a Pregação da Igreja Apostólica: Deus nos concedeu a Paz através de Jesus. Aquele que foi por João batizado é o mesmo no qual também nós o somos.
Esta é a grande tradição que nos vem através da Promessa e da misericórdia, desde o Antigo Testamento. Promessa e Misericórdia que são dons, dádivas, presentes que se fazem presentes em Isaías(Cf. Is 42,1-4,6-7). O Profeta no qual o Novo Isaías, Lucas, no-Lo revela, em plenitude.
Cristo foi batizado! Sejamos N’Ele imersos para emergirmos, sepultados e ressuscitados como a nossa cabeça, Aquela que, como nos diz Irineu, o Teólogo por excelência da Encarnação, TUDO RECAPITULA.
Desta forma, podemos atingir plenamente o sentido desta celebração do Batismo do Senhor: Não temos outro motivo para ser ou viver senão Ele. Aquele que se faz batizar nos batiza para se fazer um conosco!
A Teofania do Jordão “Hic est Filius meus dilectus!” Não é só Histórica, mas é Existência, vida, na nossa, é convite para que possamos viver o sentido pleno do BATISMO, ou seja, a graça e a promessa, a misericórdia.
É assim que a Salvação de Deus se nos manifesta, é assim que a Epifania do Jordão se torna a Nossa Epifania, para os homens e para o mundo. Sim, Deus nos ensina sempre que na Sua Grandiosidade somos Grandes! Este é o Paradoxo com o qual encerramos o Mistério do Natal!
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