Vidimus Stellam et Venimus! |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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EPIFANIA! Manifestação do Senhor! O Natal dos gentios, o nosso Natal!
Mas que Manifestação é essa? Durante todo o Advento, acompanhamos uma expectativa: a espera do Deus que vem! O profeta Isaías anunciou esta vinda. João Batista a anunciou e Maria a esperou como mãe. E hoje, como culminância de todo este período de Advento e Natal, a Liturgia nos diz que este Deus vem para todos: para mim e para cada de meus irmãos.
Como posso, então, olhar para meus irmãos como competidores, como inimigos, como pessoas que me incomodam? Se Jesus veio para a minha salvação e veio igualmente para a salvação do meu irmão, como pode haver no meu coração outra coisa além de amor e gratidão? Esta é a realidade última à qual todos deveríamos estar atentos: o mundo é sustentado por um Deus que é Amor, que, por Amor, não hesitou em se fazer pequenino, pobre e indefeso.
Foi diante de Três Magos Persas, totalmente estranhos a Israel, para quem o Filho de Deus veio, que o Messias se manifestou, mostrando-se o Salvador, o Redentor de todos e de cada ser humano. Esta Epifania do Senhor vale, também, para nós, hoje, nós que escutamos a Sua Palavra, nós que queremos e buscamos a Salvação, nós que O Encontramos no dia a dia de nossa existência.
Epifania é a graça que nos é dada para que possamos viver. O Angélico Santo Agostinho pede a Deus esta condição para que ele possa fazer de suas ações pequenas epifanias da graça: “Da quod iubes et uibe quod vis”. “Que Deus nos dê a graça para que possamos fazer o que Ele nos ordena”.
Epifania é a certeza do Deus que chega sempre antes, que se nos manifesta, em nossa existência. Assim, desta maneira precisa, ele nos chama. Não podemos senão ouvi-Lo.
A Estrela guiou os Magos e eles a seguiram. Nós vimos a sua luz. Não podemos senão segui-La através da obediência e da fidelidade até à morte. Nossa Estrela é a Fé. Com a vinda do Cristo ao mundo, não há mais lugar para precedências de tribos e de classes. Não há mais judeu ou grego, latino ou godo, senhor ou escravo. Somos um em Cristo. Somos uma grande assembléia, chamada à salvação messiânica.
Deus nos chamou a todos. Não é a toa que o Oriente cristão celebra, hoje, a festa da Água, a Festa do Batismo. Com a Epifania fomos todos chamados ao Batismo, a unidade com Cristo. Somos membros da Cabeça que é Cristo, os iluminados(Photizomenoi) , Ele é a Luz.
Que ele nos ilumine hoje e sempre com a sua graça. Que a sua Luz brilhe em todas as nossas ações. As grandes e as pequenas. Que a Estrela da Fé nos conduza ao Presépio, à manjedoura. Foi lá que Jesus nasceu. Foi lá que se manifestou aos Magos e a nós.
Os Reis seguiram a Estrela porque buscavam a vida. Os olhos da Fé nos levam a compreender o menor movimento do coração de quem ama. Amando-nos mutuamente seremos o que Deus quer que sejamos. Assim, só assim, a Epifania do Cristo acontece cotidianamente, no nosso mundo!
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