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Orar com a voz e com o coração
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Nossa oração, mesmo a Litúrgica, é, muitas vezes, sem alma. Mesmo quando cantamos a gratidão e alegria, não o fazemos com o nosso ser. Muito freqüentemente rezamos com a voz, mas não com o coração. Onde está nosso coração quando oramos, quando celebramos?

Onde está o Espírito de Deus? O Advento nos ensina que devemos traze-lo para a interioridade da vida, das nossas vidas. É através da voz com a qual oramos e celebramos que nosso coração deve se fazer presente à nossa voz e todo o nosso ser acompanhar.

Quando cantamos o Magnificat, o Alelluia, o Amen, neste momento preciso, vértice, Deus, o verdadeiro Deus está no meio de nós e a consciência plena desta sincronia salvadora, redentora é a mensagem deste Quarto Domingo do Advento.

A Primeira Leitura da Liturgia de hoje é do Profeta Miquéias(Cf. Mq 5,1-4a)coetâneo e companheiro do Profeta Isaías. Ele não se refere a Jerusalém, mas a Belém. A casa de David não está completa.

Ali, na humildade cidade de Belém, Deus fará vir o novo David. É dali que virá a Justiça e a salvação, não só para Israel, mas para todos nós. Em Belém nos encontramos todos.

O Encontro de Maria com sua prima Isabel foi, também, o primeiro Encontro do precursor com o Messias (Cf. Lc 1,39-47).

Isabel saúda Maria como cheia de graça, como abençoada, porque Maria era também cheia de fé e de amor em seu coração. Por conseguinte, Maria louva o Grande Deus, O Senhor dos todos Juízes desta terra, com o mesmo louvor, com a mesma fé, com o mesmo amor. Palavra e coração estão na boca e no coração das duas primas. Esta é a oração que Deus quer que façamos. A Oração do coração, da obediência e do amor.

O Autor da Epístola aos Hebreus fecha o círculo da união entre palavra e coração quando nos faz ver a Palavra se encarna quando é sinal daquele que vem para cumprir a vontade do Pai.

Que o Cristo nasça sempre na concordância plena entre a nossa mente, o nosso coração e a nossa voz. Sejamos íntegros a exemplo do Filho de Deus que se fez um conosco, em nossa oração e em nossas vidas. Esta é a lição que o Quarto Domingo do Advento nos dá de presente, tão gratuitamente quanto o próprio Natal do próprio Filho de Deus.



 
 
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