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Advento: Confiança e Esperança.
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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“O mundo inteiro verá a Salvação de Deus”. (Cf. Lc 3,6).

No Advento, cada celebração eucarística nos coloca diante da questão crucial de nossas vidas: Estamos preparados para o encontro com o Senhor? Estamos prontos para testemunhá-lo através de nossos atos e nossas palavras?

O Santo Padre Bento XVI vem-nos admoestando continuamente no sentido desta necessidade: a integração de atos e palavras, a “integridade” da religião que não é só privada, mas publicada, é testemunho de vida.

As leituras do Ano C do Segundo Domingo do Advento nos ajudam a formular uma resposta decisiva para esta pergunta fundamental. O Profeta Baruch(nome próprio hebraico que quer dizer Benedictus, Abençoado, BENTO) nos chama a atenção para a confiança e a esperança. Temos motivo, razão para confiar e esperar, para aguardar na alegria do desejo espiritual um Santo acontecimento, ou seja, a relação da misericórdia e da justiça de Deus.

Como os israelitas do tempo de Baruch, sabemos o que fazer e o que falar, pois nos encontramos sempre diante de um Amor Infinito que nos precede, nos ampara, que chega antes, primeiro. E mais: Deste Amor incondicional de Deus por nós não temos o poder de nos afastar. Se não tenho nem o poder humano de fazer com que alguém se afaste de mim , se ele não o quiser, quanto mais se tratando do Amor Infinito de Deus que quer ser salvação para todos.

Nesta certeza e nesta alegria caminhamos para o Natal do Senhor, hoje aconselhados por Paulo(Cf. Segunda Leitura Fl 1,4-6.8-11). Tal como Baruch, Paulo também confia e espera na Graça que vem antes, que sempre inicia e completa em nós o “Opus Dei”. Assim, o dia do Cristo se tornará o dia da colheita quando tivermos consciência plena de seu Natal em nossas vidas através do amor e da justiça. Quem se decide por viver o amor e a justiça se decide por viver em plenitude esta certeza de Deus que veio, que vem e que virá, unicamente por nós.

Ninguém nos faz ver com tanta determinação e convicção esta certeza quanto o Profeta por excelência do Advento, João, o Batista. Ninguém nos orienta tão bem e claramente para o modo como Deus vem ao mundo e em nossas vidas quanto João, o Precursor. Sua Pregação é claríssima: A Salvação de Deus que o Messias traz ao mundo inteiro chama-se reconciliação.

O Messias vem para nos reconciliar com Deus e com os irmãos. Não podemos falar e agir senão a partir deste modo. E reconciliação não é esforço humano, filantrópico, social, mas a própria vinda de Deus na carne dando-nos, de presente, a participação em sua própria vida.

É fácil confiar e esperar na salvação de Deus depois que Deus se tornou Emanuel. É só imitá-lo. A misericórdia está aí, diante de nossos olhos, à nossa porta. É só dizer sim com a nossa palavra, com a nossa vida.

Deus nos criou e quer que todos nos salvemos. Este é o sentido pleno do Advento – confiança e esperança – e do Natal. Com Baruch, com Paulo e com Lucas digamos sim à Salvação de Deus, neste segundo domingo do Advento.



 
 
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