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Domingo de Ramos – Cristo vai ao encontro da morte com liberdade de Filho
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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A Festa de Ramos, com hosanas e saudações, prefigura a vitória de Cristo sobre a morte e o pecado, mas a hora definitiva ainda chegará, com o processo de condenação e morte de Jesus.

Ele vai ao encontro da paixão com plena consciência e aceitação livre. Tem o poder de solicitar legiões de anjos para que venham em seu auxílio, mas renuncia ao uso deste poder. Ele veio trazer a paz ao mundo, escolhe o caminho da humildade e vê, nesse caminho, a vontade do Pai se realizando.

Os relatos da paixão constituem o cerne do Evangelho. As comunidades cristãs se perguntavam: Se Jesus era o bendito de Deus, por que teve de passar pela cruz, escândalo e maldição? Que sentido tem a sua paixão e morte? Respondendo a essas perguntas, os relatos não são simplesmente narração de fatos, mas, sobretudo, anúncio da salvação contida neles. Esses testemunhos possibilitam o acesso ao centro da fé cristã: “Esse Jesus que vocês crucificaram, Deus o constituiu Senhor e Cristo”(AT 2,36).

Estamos na grande semana. A “hora” de Jesus Cristo chegou. O Filho do Homem será glorificado e Deus glorificado n'Ele.

Jesus entra em Jerusalém depois de percorrer muitos caminhos, onde foi encontrando pessoas e situações que pediam dele uma resposta concreta, pois veio para que todos tivessem vida e vida em plenitude.

Cristo, o Filho Amado, veio fazer a vontade do Pai: “Eis-me aqui, eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10,9). Mesmo sendo exigente o caminho, Jesus cumpre a vontade do Pai: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua”. O que vem montado num pobre animal é aquele que obedece ao Pai, que se coloca a sua disposição para a realização de seus desígnios, escondidos desde antes da criação do mundo.

A lógica divina é outra: esvaziamento, condição de escravo, perseguição, calúnia, dor, coroa de espinhos, condenação, sofrimento, angústia até o sangue, cruz, morte. É claro que é difícil compreender tal lógica, pois é preciso revirar nossa cabeça, conceitos e práticas, ou seja, mudar a lógica puramente humana. Os discípulos de Jesus tiveram dificuldades. Houve traição, negação e abandono da parte deles no momento mais crucial da vida do Mestre. Jesus inaugura uma nova ordem das coisas.

A entrega da vida – oferta agradável a Deus – é o que o Senhor pede a nós. Todas as pessoas de boa vontade, que vivem o amor e a solidariedade, que lutam pela justiça e a paz, que escolhem a vida, estão fazendo a vontade de Deus, seguindo a mensagem e o exemplo de seu Filho, Jesus.



 
 
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