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NOVENA DA PADROEIRA DO BRASIL QUARTO DIA- 06/10/2006
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Dom Eurico dos Santos Veloso
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.


Exmo. e Revmo. Sr. DOM RAYMUNDO DAMASCENO ASSIS, DD. Arcebispo Metropolitano de Aparecida, SP;
Exmo. e Revmo. Sr. DOM PEDRO FRÉ, CSsR; DD. Bispo Emérito de Barretos, hoje residente no Santuário de Aparecida;
Revmos. Senhores Padres e Diáconos;
Minha saudação muito fraterna a todos os que nos sintonizam pelas TV Aparecida, pela Rede Vida, e pela Rede Católica de Rádio;
Gostaria de pedir licença para enviar uma saudação especial ao meu querido Bispo Auxiliar Dom Paulo Francisco, aos meus amados Padres e Diáconos que compõem Presbitério e a todo o Povo Santo da Igreja Particular de Juiz de Fora.

Meus queridos irmãos e irmãs que estão participando dessa Novena preparatória para a  Festa da Padroeira do Brasil, a Mãe Aparecida,

Nesse quarto dia da Novena, nós pedimos a Deus que nos faça missionários de sua misericórdia, missionários de sua bondade, imitando a sua compaixão, imitando o seu amor, imitando a sua fidelidade, imitando o seu compromisso com o ser  humano, resgatado por Ele, em Jesus Cristo, seu Missionário, exemplo de Misericórdia.

Entregamos e confiamos a Maria, Sua Mãe, a Nossa Senhora Aparecida, os cuidados de nossa vida, de nossas famílias, dos nossos irmãos e irmãs brasileiros. Que  Ela interceda por nós junto a seu Filho Jesus e volte para nós seus olhos misericordiosos, fortalecendo a nossa fé e alimentando a nossa esperança, pelos seus exemplos de Mãe e de discípula. “Ela guardava tudo em seu coração”.

Meus irmãos e minhas irmãs, pedimos a Deus que “nos faça missionários de sua misericórdia”, isto é, que tenhamos a coragem de nos colocar inteiramente em favor do outro, do nosso irmão.

“Fazei tudo o que Ele mandar, fazei tudo o que Ele ensinar”, assim nos recomendou a Senhora sua Mãe. E Ele nos ensinou a fazer o que Ele próprio fazia, imitando, revelando, fazendo a vontade do Seu Pai: Pai Santo, Pai Justo, Pai Bondoso, Pai Amoroso, Pai Misericordioso, Pai cheio de compaixão.

E todos nós, bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas consagrados, fiéis cristãos leigos, TODOS NÓS BATIZADOS, seguidores e imitadores de Jesus, como operários da messe do Senhor, queremos colocar em nossas vidas  essa dimensão misericordiosa, essa dimensão compassiva, essa dimensão amorosa do Pai. De que maneira? 

Na mesma visão que Jesus nos apresenta, raiz de sua ação salvífica , nascida da visão de uma realidade que levava a compadecer-se, a sentir na própria pele, isto é, a sentir Ele mesmo, as dores, os sofrimentos de um povo cansado e abatido, abandonado, semelhante à ovelha sem pastor, caminhando sem rumo e sem guia, e isso O enche de generosidade a ponto de ofertar sua própria vida.

“Na medida em que se consegue ver as dores e sentir na própria pele os sofrimentos dos outros, a ter uma atitude empática, é que se conquista um coração novo”.

E  Ele teve compaixão do seu povo.
Esta atitude nasceu nas vísceras do Seu coração. Ele percebeu, com  profundidade, a dor e a necessidade do outro. É uma experiência que toca o mais escondido dos afetos, produzindo mudança, criando as condições de oferta de si. A compaixão do Mestre é a desafiadora medida para o coração dos seus discípulos, para nós também, mas é a garantia de sua identidade. Este é o verdadeiro sentido de assumir o lugar do discípulo.

Aqui está, queridos irmãos e queridas irmãs, telespectadores, o grande desafio. A messe é grande e poucos são os operários. Sim, são poucos os operários que se sentem misericordiosos, compassivos, que estão dispostos a dar a vida, a oferta de si próprio, e o trabalho é grande. Há necessidade de pessoas realmente dispostas a continuar a obra de Jesus, do Jesus misericordioso, do Jesus compassivo.

E a todos nós, a nossa comunidade eclesial, somos convocados por Ele a assumir essa preocupação: levar a Boa notícia do Reino ao mundo inteiro, conscientes da necessidade de trabalhadores dispostos a doar a vida pelo irmão,  ser compassivo, misericordioso, imitando o Mestre, nessa missão divina. Por isso, pedimos, repetidas vezes: “Senhor, mande esses operários para a Sua messe”.

Jesus, apesar de cansado, no meio de tantas atividades, não se esqueceu de que o eixo de sua missão é o serviço do Reino de Deus. Ele se sabia servidor  e, nessa condição, acolhia, com carinho, a quantos o procuravam para ouvir sua palavra e serem curados.

Percebendo a vastidão do trabalho evangelizador a ser levado a cabo, sejamos também nós esses operários de Jesus para fazer a colheita. Por que a colheita e não o plantio?

Porque no processo de evangelização, existe um trabalho prévio, independente da ação do evangelizador. É a ação divina no coração humano, predispondo-o para  acolher a mensagem da salvação. Sem este trabalho prévio, fica inviabilizada qualquer tentativa de fazer o Reino frutificar na vida de quem escuta a Palavra. “Felizes os que escutam a Palavra e a põem em prática”.

A preocupação de Jesus, como vimos no Evangelho, ia e vai muito além da multidão que tinha diante de si. A imensidão da seara abarcava todos quantos ansiavam pela chegada do Reino de Deus e  eram vítimas de falsos messias.

A experiência de terem sido enganadas levava as pessoas  ao desânimo, fazendo-as perder as esperanças, ou as fazia passar de messias em messias, sem encontrarem uma palavra que as satisfizesse. “Tenho compaixão desse povo”, foi o desabafo de Jesus. Urgia, portanto, que operários zelosos e fiéis se pusessem à disposição do Pai, como seus colaboradores, para levar a cabo a obra divina no coração da humanidade sedenta de salvação.

Os apóstolos de Jesus somar-se-iam ao número dos servidores do Reino. Hoje, somos nós. Por isso, aos pés da Padroeira do Brasil nessa solene novena, pedimos, por ela ao Pai: “ Ajude-nos, querida Mãe, Imaculada Conceição Aparecida, a ser servidores do povo de seu Filho e a nos transformar em verdadeiros colaboradores, operários de sua obra, em favor da humanidade sedenta de salvação.

Ajude-nos, Ó Mãe, a saber discernir melhor e a escolher com mais segurança quem poderá, com mais competência, servir ao nosso imenso Brasil, do qual a Senhora é a Padroeira;

Ajude-nos, Ó Mãe, a termos coragem de sempre darmos um Não à corrupção, à desonestidade, ao enriquecimento ilícito, às custas de seus filhos mais pobres;

Ajude-nos, Ó Mãe, a ajudar aqueles que foram eleitos e ao que será ainda eleito, cobrando deles a realização de suas promessas e do seu projeto de governo em favor dos brasileiros;

Ajude-nos, Ó Mãe da Misericórdia, a escolhermos candidatos que tenham um nítido compromisso com a vida, contra o aborto e todo o tipo de cultura da morte, porque seu Filho anunciou a esperança de uma vida plena.

Assim seremos, também, os missionários da misericórdia, na busca da justiça, da paz e da solidariedade, para com o povo brasileiro, povo sofrido, na busca de dias melhores.

Ajude-nos, ó Mãe Aparecida a sermos missionários da misericórdia, imitadores de seu Filho Jesus. Amém.



 
 
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