A Luz do Evangelho |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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O precursor, João Batista, foi preso e Jesus volta para a Galileia, deixa Nazaré e passa a morar em Cafarnaum, às margens do mar Galileu que, embora fosse chamado de “mar”, na realidade, é um extenso lago de água doce, formado pelo rio Jordão, em uma depressão em seu leito.
Jesus começa sua atividade justamente na Galileia, região distante do centro econômico, político e religioso do seu país. A esperança da salvação se inicia em uma região da qual nada se espera.
A pregação de Jesus tem a mesmo radicalidade que a de João Batista: é preciso total mudança de vida porque o Reino está próximo.
Entretanto, com Jesus, o Reino adquire o sentido de convívio neste mundo, na plenitude do amor, no Espírito, na misericórdia e no acolhimento, em comunhão de vida eterna com o Pai. O Reino de amor contrapõe-se ao reino de poder da tradição judaica. A conversão à justiça é uma das dimensões concretas da manifestação do amor. A ordem tradicional que favorece os privilegiados opressores é substituída pela libertação dos oprimidos, os quais resgatam sua dignidade e se levantam com novo ânimo e nova vida.
Jesus caminha à beira do mar da Galileia e chama quatro de seus discípulos. São de famílias de humildes pescadores. Simão e André, nomes de origem grega, e Tiago e João, de origem hebraica. Todos eles abandonam seu antigo sistema de vida, econômico e familiar, não para fugir do mundo, mas para iniciar uma nova prática social transformadora.
A conversão se faz quando se olha para Jesus e se deixa contagiar pelo seu amor misericordioso e por suas palavras. Assim nos vamos libertando das ideologias de sucesso, riqueza e poder, para incorporarmos valores de comunhão com o próximo, na mansidão e no carinho, construindo um mundo novo possível, na justiça e na fraternidade. Constrói-se assim a paz na unidade estabelecida pelos laços da humildade, do perdão e da acolhida, porém na diversidade que expressa os vários dons de Deus.
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