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Santa Maria, Mãe de Deus
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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A comemoração de um ano novo mobiliza multidões, que se confraternizam e se alegram. É uma festa universal, animada pela esperança de renovação. Neste clima de alegria, celebramos o oitavo dia do grande acontecimento que transformou céus e terra: o nascimento de Jesus, comemorado através de sua mãe, Maria, invocada como Mãe de Deus. No Evangelho da missa de primeiro dia de janeiro, Lucas ressalta sua atitude: “conserva todas essas palavras, meditando-as no seu coração.”

A Igreja proclama Maria, Mãe de Deus e mãe da humanidade, nossa Mãe. Maria Santíssima está ajoelhada diante do presépio do Filho de Deus. Ela nem tudo entende a respeito dos acontecimentos que invadiram a sua vida, mas ela guarda e medita tudo em seu coração.

Também nós podemos estar ao redor do presépio do Menino-Deus, embora sejamos incapazes de compreender o mistério da gruta de Belém.

Maria examina os fatos e medita sobre eles a fim de descobrir os caminhos de Deus. Essa atitude revela que a paz, e o desejo de toda a humanidade, brota de um coração que reflete sobre a vontade que vem de Deus. À semelhança de Maria, guardemos tudo no coração. Ela nos ensina a discernir a presença de Deus em nossa história e em nossa caminhada eclesial.

Alguns estudiosos dizem, com freqüência, que Maria teria passado a Lucas as informações básicas sobre o nascimento de Jesus. O Evangelista, entretanto, não faz de Maria simples banco de dados históricos, mas, sim, uma teóloga que sente a presença de Deus nos fatos obscuros da vida.

Sem dúvida, a expressão “conservar no coração” é sinônima de “interpretar a ação de Deus nos acontecimentos da vida”, de acordo com o uso dessa expressão no Antigo Testamento.

Maria é, portanto, modelo de pessoas que precisam discernir, em meio à turbulência dos acontecimentos da vida, a presença e solidariedade de Deus. Nossa Senhora resgata, assim, a memória das ações de Javé no passado e no presente da caminhada do povo, convidando as pessoas a não perder de vista nenhum acontecimento, alegre ou triste, percebendo como Deus opta pelos empobrecidos, dos quais ela faz parte.

O Papa Bento XVI nos conclama, neste dia, a refletir sobre a Liberdade religiosa como caminho da paz.

Infelizmente, muitos católicos são martirizados diariamente pela sua fé católica. O fundamentalismo religioso quer impor a sua doutrina na cultura ocidental, que se fortaleceu pela ação da Igreja Católica na pregação do Evangelho, nesta cultura. Que guardemos em nosso coração o exemplo de Maria, que saibamos pedir a sua doce intercessão, a fim de que possamos sentir que o Senhor continua olhando para nós com bons olhos e que podemos contar com sua bênção durante todo o ano que se inicia.

E então, ao longo do ano que se inicia, faremos como Maria: guardaremos no nosso íntimo tudo aquilo que nos acontecer, descobrindo aí a presença amorosa de Deus. Daremos a Ele graças e O louvaremos por tudo.

Que o objetivo do cristão, neste ano novo, seja que a paz consiga vencer o ódio e o egoísmo, que o amor de Cristo nos sustente e a proteção amorosa da Virgem Maria nos dê a segurança, particularmente, a graça de continuar podendo manifestar publicamente a nossa fé católica que não pode se curvar diante das minorias que querem impor a sua “pseudo-vontade”.



 
 
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