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Lendo o Livro Santo.
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Abrindo casualmente o Livro Santo, a Bíblia, deparei-me com o salmo 127 que nos fala da confiança que devemos depositar na Providência divina: “Se Iahweh não constroi a casa, /Em vão labutam os seus construtores;/Se Iahweh não guarda a cidade,/Em vão vigiam os guardas.

Estamos em vésperas de  eleições e vejo quão oportunas as palavras deste salmo, que nos colocam nos lábios a inconsistência dos projetos humanos se a gente se descura de colocá-los nas mãos de Deus.

A propaganda eleitoral chega até a ser ridícula pelas promessas impossíveis, pelo total desconhecimento de muitos candidatos dos limites de sua ação se eleitos, pela total ausência de um Projeto Político. A gente fica triste com o que está acontecendo, com tanta desordem, com o total desprezo dos ensinamentos éticos e morais. Falta a fé.

Voltamo-nos, então, para Deus e, confiadamente, nos entregamos em suas mãos: “Os que confiam em Iahweh são como o monte de Sião: nunca se abala, está firme para sempre.”(Cf. Salmo 125).

Não que fosse isso uma atitude passiva e irresponsável, um pietismo que nos eximisse de culpa. O próprio salmo, nos versículos seguintes, nos fala que é feliz o homem temente a Deus que lutou e pode “litigar” com os seus inimigos às portas da cidade e lá garantir seus negócios.

São Paulo nos fala sempre da luta que devemos travar na construção do Reino de Deus, do socorro da graça e da necessidade de nossa cooperação.“Gratia Dei mecum. A graça de Deus comigo, com a minha cooperação.”(Cf. 1 Cor.15,10). Deus está conosco e nos ajuda, mas não tolhe a nossa liberdade e quer a nossa participação na conclusão de sua obra criadora.

Já no paraíso o Criador nos ordenou que submetêssemos a terra e as  outras criaturas ao nosso domínio. Com o pecado, este domínio pacífico transformou-se em revolta e o homem teve o solo e todos os demais seres contra si: “...maldito é o solo por causa de ti! Com sofrimento dele te nutrirás todos os dias de tua vida”(Cf. Gen 3,17).

Só com o sofrimento, culminando com a morte de Cristo, consegue ele superar a resistência do Mal e, com o trabalho redentor, conduzir à libertação pela qual aspira toda a natureza (Cf. Rom. 8, 22).

Pensemos juntos. Como é possível que após vinte séculos de cristianismo, em terras que receberam o anúncio do Evangelho, os ideais políticos e de civilização estejam tão longe da Justiça e da Verdade?

Não será que é por causa de nossa falta de vigor cristão em saber escolher nossos dirigentes, de exigir deles o trabalho competente, sério e honesto?

Preferimos as políticas assistencialistas, deixamos que o poder econômico se sobrepuje à justiça e apague a nossa cultura. E continuamos a viver escravos sob a aparência de bem-estar.”Se Iahweh não constrói a cidade...”, mas, não nos esqueçamos que Ele nos quer como operários nesta construção. Sua Providência não falha e sua graça está conosco.

Ela transparece na força de nossos braços, no vigor de nossa vontade de transformar os esteios do Mal nas sólidas estruturas da Verdade, da Justiça e da Paz. Que possamos dizer com Paulo, apóstolo:”a graça de Deus a mim dispensada não foi estéril”(Cf. 1 Cor. 15,10)- Et gratia Dei in me vácua non fuit.



 
 
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