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Imaculada Conceição
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Nossa Senhora Imaculada é o dogma que a Igreja definiu em 1854, pelo Papa Pio IX, em que Maria Santíssima não conheceu o pecado original.

Falar da Imaculada Conceição de Nossa Senhora é fazer referência a um privilégio que ela recebeu: foi preservada do pecado original desde o primeiro momento de sua existência. A razão dessa graça excepcional reside na vocação que recebeu - a mais sublime das vocações: ser Mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Seu privilégio não se explica, pois, em seus próprios méritos, mas nos merecimentos que Jesus Cristo adquiriria para a humanidade.

O livro de Gn 3, 15 ensina que: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tu, da graça de Deus”.
Estando totalmente possuída por Deus, não havia em si espaço para o pecado.

Não há na Bíblia uma afirmação explícita que Maria tenha sido concebida sem pecado original. Trata-se de uma verdade que foi ganhando corpo na vida da Igreja, ao longo de sua história.

Notemos bem as seguintes verdades: - também Maria necessitava da redenção; - ela não tinha poder de se auto redimir; não tinha, por ela mesma ou por seus pais, qualquer merecimento próprio; - não foi privilegiada porque era virtuosa; era virtuosa porque foi privilegiada por Deus, em vista de sua missão singular; - em Maria, tudo é graça, e a fonte dessa graça é Deus; - foi livre do pecado no início de sua existência; livre do pecado ao longo de toda a sua vida; - a Igreja afirma, de maneira absoluta e permanente, ela, ao longo de toda a sua vida, continuou livre de todo pecado pessoal e até da própria inclinação ao pecado.

Quando fazemos referência ao pecado original, devemos lembrar a desordem que ele causou no ser humano e na natureza: a) inclinação à autoafirmação e à autossuficiência diante de Deus, quando o normal seria um relacionamento de filho para Pai; b) homens e mulheres passam a não se reconhecer como criaturas de Deus e, por isso mesmo, esquecem sua origem e seu fim; rompem a Aliança; sofrem desequilíbrios; não se entendem com seu semelhante, daí multiplicarem-se manifestações de ódio e violência, de injustiças e guerras; homens e mulheres não compreendem a natureza e a destroem.

Em Maria, nada disso aconteceu. Nela, em vez de desordem e confusão, há ordem. Não experimentou a inclinação ao pecado, que nasce do pecado e conduz ao pecado. É uma nova criatura. Isenta do pecado, tem melhores condições de ver a gravidade do pecado e as escravidões que este gera em seu caminho.

Maria é totalmente de Deus. É um modelo a imitar. É fonte de santidade para a Igreja: também nós, à medida que conseguimos crescer na santidade, santificamos a Igreja. A missão de Maria a une a nós: precisamos de Cristo para a salvação; Maria é que nos deu Cristo, o Salvador. Em Maria e em nós atua a mesma graça: se Deus nela realizou o seu projeto, também o realizará em nós, desde que colaboremos com sua graça, como ela o fez. Maria é a criatura humana em seu melhor estado.



 
 
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