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A riqueza que endurece o coração do homem – a avareza
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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A parábola do Evangelho do vigésimo sexto domingo do tempo comum(cf. Lc. 16,19-31) é uma crítica á sociedade classista, onde o rico egoísta vive na abundância, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o isolamento e afastamento em que o rico avaranto vive, mantendo um abismo de separação que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa se converter. Nada o levará a essa conversão se ele não for capaz de abrir seu coração para a Palavra de Deus, o que o leva a voltar-se para o pobre. Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de bens entre todos.

Há na parábola um apelo à conversão de todos - ricos e pobres - e denúncia da ordem injusta que faz o homem viver desligado de seu destino eterno por suas atitudes, que se baseiam apenas no interesse pessoal e na riqueza. O rico avarento não ficará sem um justo julgamento, não tanto pela riqueza em si, mas pelo desprezo ao pobre que lhe mendigava o pão para saciar sua fome.

O drama é muito simples: um rico e um pobre. O rico se veste com roupas finas e se banqueteia com os amigos todos os dias. O pobre, doente, jaz caído à porta do rico, com cachorros lambendo-lhe as feridas, à espera de migalhas que caem da mesa do rico. Entenda-se que os ricos cavam um abismo que os separa da vida e que esse abismo nem mesmo um ressuscitado pode transpor. Nem o fato de o Messias ter sido enviado tocou o íntimo daquele homem. A avareza, o luxo, o supérfluo de uns continua favorecendo a miséria, a nudez, a carência de outros. Esse é um peso que ainda recai sobre a humanidade e que podemos modificar se soubermos agir como Deus espera que ajamos, buscando mostrar que a partilha e a justa distribuição de bens torna todos mais felizes, dando exemplo para que o mundo também se redima de sua avareza e cumprindo, desse modo, a vontade do Pai, que nos criou para vivermos em harmonia.



 
 
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