Colunas
 
O bom uso da riqueza
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
Leia os outros artigos
 

A parábola (cf. Lc 16,1-13 ou 16,10-13) fala de um problema de administração. Estudos sobre a sociedade judaica nos tempos de Cristo informam que, segundo o costume tolerado na Palestina daquela época, o administrador tinha o direito de conceder empréstimos com os bens de seu senhor. E, como não era remunerado, ele se indenizava, aumentando no recibo a importância dos empréstimos. Assim, na hora do reembolso, ficava com a diferença como um acréscimo que era o seu juro.

No presente caso, ele não havia emprestado, na realidade, senão 50 barris de óleo e oitenta medidas de trigo. Colocando no recibo a quantia real, ele estava se privando apenas do benefício que havia subtraído. Sua desonestidade não consiste, pois, na redução dos recibos, mas é um sacrifício de seus interesses imediatos, manobra hábil que o patrão pode louvar.

A usura do administrador é evidente nas taxas de juros exigidos para os empréstimos. No caso do óleo, a taxa é de 100% e no do trigo, de 20%. Enfim, ele é um administrador que sabe fazer as contas e isso com os gêneros de primeira necessidade. O que ele costuma fazer leva o patrão à perda da clientela.
Esse fator, aliado à denúncia de desonestidade, provocou a demissão do cargo.

É importante notar a radical mudança que o administrador faz em sua vida. Ele abriu mão de todos os seus lucros. Com isso, ganhou um elogio do patrão. Desistindo de todo lucro, faz amigos e, se for despedido, terá quem o acolha na própria casa.

O que Jesus quer mostrar é que podemos nos servir das riquezas materiais, e também dos dons espirituais que recebemos, para fazer justiça social. Afinal, tudo o que temos nos foi dado por Deus para que usemos pelo bem comum. Se assim fizermos, estaremos conquistando as graças do Pai, que nos receberá com alegria porque soubemos administrar com fidelidade os bens que foram colocados ao nosso dispor.



 
 
xm732