Modéstia e gratuidade |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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A luta pelo poder e pelo “status” é característica do cotidiano de nossa sociedade materialista e hedonista, em que o ter, o prazer e o poder ocupam o lugar do sagrado. Por causa disto, quantas intrigas, extorsões, corrupção, violência!
Infelizmente, também nós, muitas vezes, como os comensais observados por Jesus, achamos que a posição é que faz o homem.
Freqüentemente, os ensinamentos de Jesus derivam de situações da vida real. Para fazer seus discípulos refletirem, Ele comparava os critérios e razões habituais do povo, como em São Lucas, 14,1.7-14, com os critérios de seu próprio Evangelho.
Orientados por falsos valores que somos capazes de assumir e defender, invertemos posições e significados em nossa vida, o que nos afasta cada vez mais da verdade, da justiça, do amor.
Jesus nos orienta a irmos ao encontro dos reais valores do Evangelho e do Reino de Deus. Sejamos audaciosos. Não nos deixemos enganar por padrões de comportamentos que dão a ilusão de grandeza, quando, na verdade, nos prendem a clichês pré-estabelecidos. No entendimento divino, tudo possui uma determinada ordem que nem sempre combina com os nossos critérios.
Os que freqüentam e participam ativamente das celebrações têm em comum a fé no Deus vivo e a esperança no Reino de Deus. No banquete da Eucaristia, todos são convidados por Jesus: “Amigo, venha mais para cima”, porque nele Deus se tornou próximo e íntimo. No pão partilhado, podemos experimentar a gratuidade de Deus com a humanidade.
A comunidade cristã é a reunião de consagrados a Deus e nossa fé nos garante, desde já, que nossos nomes estão inscritos no céu. Por isto, celebrar a fé significa acabar com os privilégios e discriminações, pois, no Reino de Deus, não há primeiros nem últimos. E, a exemplo de Jesus, se tivermos que privilegiar alguém, há de ser os excluídos (pobres, aleijados, mancos, velhos, etc). A Santa Eucaristia é o momento oportuno para entendermos que nosso Deus optou pelos marginalizados e nossa felicidade consiste em servi-los e promovê-los, à semelhança de Jesus, que está no meio de nós como aquele que serve, sem alarde, com simplicidade e modéstia.
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