Defesa do Papa |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
|
Leia os outros artigos |
|
Quando Jesus chamou o apóstolo Simão de Pedro, não foi em vão. Ele lhe disse: “Pedro, tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E os homens não prevalecerão contra ela”.
Somente Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu em pedra da sua Igreja. Entregou-lhe as chaves da mesma: instituiu-o pastor de todo o rebanho.
Cristo, ao instituir os doze, instituiu-os à maneira de colégio ou grupo estável, ao qual prepôs Pedro, escolhido dentre eles.
Tudo isto foi documentado no Novo Testamento.
O homem é estranho, engraçado até. Acredita em documentos oficiais, emitidos e aprovados pelo governo, que nem sempre está fora de corrupção; mas põe em dúvida documentos bem mais sérios, emitidos por testemunhas da vida, da missão, da paixão, morte e ressurreição de Cristo.
A lei de Deus confiada à Igreja é ensinada aos fiéis como caminho de vida e verdade. Podemos citar duas passagens dos Evangelhos que comprovem este envio: “Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. (cf. Mt 10,16) e “Nesses dias, Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos”. (cf. Lc 6, 11-13)
O Santo Padre, o Papa, bispo de Roma e sucessor de Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis. O Pontífice Romano, em virtude de seu múnus, isto é, do seu ofício ou missão de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e universal.
Sendo assim, podemos afirmar que o Papa é a autoridade máxima, aqui na terra, da Igreja católica e, portanto merece o respeito devido. Entretanto, ele não pode evitar que alguns presbíteros, fugindo às obrigações e aos compromissos livre e conscientementes no sacramento que receberam, cometam desatinos. E, se ele não pode evitar, isto não significa que ele concorde.
Juntamente com seus auxiliares, o Papa toma providências a respeito. Só que não alardeia para toda a mídia as atitudes tomadas pela Santa Sé.
A Igreja Católica foi sempre muito perseguida e um deslize de algum de seus membros se torna um "prato cheio", alvo de críticas de todos os setores da sociedade. Outras crenças ou diversos grupos religiosos autônomos têm, também, as suas falhas, mas não merecem atenção maior do que uma nota num jornal ou um pequeno comentário na televisão.
O livre-arbítrio dá ao homem a oportunidade de escolher entre o bem e o mal. Muitas vezes, ele faz a opção errada, percorre caminhos que não levam à paz e pode prejudicar seus semelhantes.
A Igreja é santa e pecadora, pois é composta de homens e mulheres comuns. Todos nós somos Igreja. Podemos e devemos condenar o mal, mas não podemos nos responsabilizar por todo o mal que possa ser cometido.
O Papa não é dono do mundo. Tenta orientar os fiéis e, com a participação do colégio episcopal, tenta orientar seus presbíteros. Há sanção para as falhas, mas não se pode debitar tão radicalmente ao Papa todos os erros cometidos debaixo de sua jurisdição.
Enfim, cremos que somente a verdade libertará e, mais dia, menos dia, ela chegará, esclarecendo tudo. Enquanto isto, nossa força é o Espírito Santo, que nos norteia e ao Santo Padre para que vença com paciência e amor, os ataques que lhe são dirigidos.
|