A “boa nova” da Páscoa não é o anúncio de que um morto voltou à vida, mas que o Filho de Deus, que se fez homem entre os homens e doou toda a sua vida por amor, venceu a morte! Só a vida entregue nas mãos de Deus é subtraída do poder da morte.
Quando nos acontece alguma coisa muito boa, nós não nos cabemos em nós mesmos, ansiosos para contar a todos o grande acontecimento.
Assim aconteceu com as santas mulheres e assim aconteceu com Pedro. Ele foi um dos que fez a experiência do Cristo ressuscitado e tinha necessidade de contar para que o mundo se alegrasse com essa imensa garantia das nossas esperanças.
Pedro diz que é testemunha de que Jesus de Nazaré passou pela terra fazendo o bem, ungido pelo Espírito Santo. A ressurreição é vista como um selo confirmador do Pai sobre tudo de bom que Jesus fez, apesar da aparente derrota na cruz.
A ressurreição fez os seguidores de Jesus entenderem melhor, não só as Escrituras, mas também as ações e palavras de Cristo que tinham presenciado durante o seu ministério. Ela funcionou como uma chave de leitura para o escândalo da cruz e para o conjunto da missão de Jesus.
Assim, a ressurreição foi percebida como aprovação do Pai ao modo como Jesus viveu e desempenhou sua missão.
Este fato está fora do tempo. Ele é atual nos dias de hoje. Quem defende a vida e os valores do projeto de Deus é parceiro dos discípulos de Jesus. Hoje, como na época deles, através da celebração da PÁSCOA, podemos perceber que buscar as coisas do alto não é fugir da vida concreta. Ninguém foi mais do alto e mais solidário com os problemas humanos do que o próprio Jesus.
A fé na ressurreição deve ser mobilizadora e transformadora. Temos urgência de apregoá-la aos quatro cantos do mundo e de darmos o melhor de nós para, com o anúncio da “boa nova”, transformar este mundo, tão conturbado, em um mundo mais ameno, cheio de paz, justiça e amor.
Portanto, não basta crer na ressurreição, é preciso entender e atingir os objetivos de Cristo, que veio assumir nossas dores e nossos erros para ensinar-nos a viver melhor.
Em cada Eucaristia, celebramos e vivemos de novo a Páscoa do Senhor. Acolhemos Jesus com o amor de Maria Madalena, queremos que o ressuscitado nos devolva sempre a esperança e a coragem, como fez Pedro. Dizemos, após a Consagração: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.”
Vinde, Senhor Jesus, caminhar conosco na luta pela justiça. Vinde, Senhor Jesus, fortalecer nossa fidelidade ao projeto do Pai! Vinde, Senhor Jesus, fazer-nos irmãos solidários e sinais de esperança para o mundo.
Ao desejar uma Santa Páscoa a todos os meus leitores quero relembrar a última mensagem de Páscoa do Servo de Deus João Paulo II, esperando que todos nós possamos neste dia santo rezarmos esta oração comovente e santificadora, própria das alegrias que vivenciamos com a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte:
“1. Mane nobiscum Domine!
Fica connosco, Senhor! (cf. Lc 24,29).
Com estas palavras os discípulos de Emaús
convidaram o misterioso Viajante
a permanecer com eles, no entardecer
daquele primeiro dia depois do sábado
em que o inacreditável tinha acontecido.
Conforme a promessa, Cristo ressuscitara;
mas eles ainda não o sabiam.
Porém as palavras do Viajante ao longo do caminho
tinham aos poucos aquecido seus corações.
Por isso Lhe fizeram o convite: “Fica connosco”.
Depois, sentados em volta da mesa da ceia,
reconheceram-no ao “partir o pão”.
E logo a seguir Ele desapareceu.
Diante deles ficou o pão partido,
e no seus corações a douçura daquelas suas palavras.
2. Caríssimos Irmãos e Irmãs,
a Palavra e o Pão da Eucaristia,
mistério e dom da Páscoa,
permanecem ao longo dos séculos como memória perene
da paixão, morte e ressurreição de Cristo!
Também hoje, Páscoa da Ressurreição,
nós, com todos os cristãos do mundo repetimos:
Jesus, crucificado e ressuscitado, fica connosco!
Fica connosco, amigo fiel e seguro apoio
da humanidade a caminho pelas estradas da vida!
Tu, Palavra viva do Pai,
infunde certeza e esperança naqueles que buscam
o verdadeiro sentido da sua existência.
Tu, Pão de vida eterna, nutre o homem
faminto de verdade, liberdade, justiça e paz.
3. Fica connosco, Palavra viva do Pai,
e ensina-nos palavras e gestos de paz:
paz para a terra consagrada pelo teu sangue
e empapada com o sangue de tantas vítimas inocentes;
paz para os Países do Médio Oriente e da África,
onde continua a ser derramado muito sangue;
paz para toda a humanidade, sobre a qual sempre grava
o perigo de guerras fratricidas.
Fica connosco, Pão de vida eterna,
partido e distribuído entre os comensais:
dá-nos também a força de uma solidariedade generosa
para com as multidões que, ainda hoje,
sofrem e morrem de miséria e fome,
dizimadas por epidemias letais
ou prostradas por desastrosas catátrofes naturais.
Em virtude da tua Ressurreição
possam elas também participar de uma vida nova.
4. Também nós, homens e mulheres do terceiro milênio,
necessitamos de Ti, Senhor ressuscitado!
Fica connosco agora e até ao fim dos tempos.
Faz que o progresso material dos povos
jamais ofusque os valores espirituais
que são a alma da sua civilização.
Ampara-nos, Te suplicamos, no nosso caminho.
Nós cremos em Ti, em Ti esperamos,
pois só Tu tens palavras de vida eterna (cf. Jo 6,68)”
Mane nobiscum, Domine! Aleluia!”.
Feliz Páscoa para todos, porque Jesus Cristo ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!
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