Deus nos ensina a acolher e amar sempre o fracassado, dando-lhe uma segunda chance de conversão! |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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No Santo Evangelho narrado segundo São Lucas capítulo 15, vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de mérito e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas.
Refletindo sobre a terceira parábola lucana, vemos que ela tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai.
Popularmente, nós a conhecemos como a parábola do filho pródigo. Ela nos ensina a destacar a conversão na iniciativa de Deus. Em sua misericórdia, Ele prepara e aceita os primeiros sintomas de arrependimento. Como sempre, Deus está de mãos estendidas para nós. Quase nos toca, só falta um pequeno gesto nosso para que Ele nos abrace carinhosamente em seu amor. Seu perdão é completo e sem reprovações. O Reino de Deus exulta de alegria quando um pecador é convertido.
A parábola do Filho Pródigo resume a história da salvação e constitui também uma síntese da história pessoal de cada um de nós. O filho mais novo se emancipa, fracassa e retorna. Da parte do pai, é uma questão de amor e paciência. Da parte do filho, é todo um processo psicológico de ida e volta, de fuga e retorno. Esse filho reflete uma situação comum na nossa humanidade: a imagem do homem pecador que se afasta de Deus e, depois volta para Ele.
A saga do Filho pródigo é uma história muito bonita, que mostra a grandiosidade de Deus e seu infinito e misericordioso amor, e a nossa fragilidade, miséria e pecado.
O filho mais novo reconhece seus erros e volta arrependido esperando o menos, ou seja, que o seu pai o aceite como empregado. É motivo de festa para o pai.
Mas essa história nos alerta para um erro oposto: o farisaísmo. Às vezes estamos mais perto de Deus do que outros irmãos, mas, mesmo assim, o nosso egoísmo nos afasta d'Ele. Achamos que merecemos mais, que somos melhores do que os outros. O filho mais velho é também pecador, considera-se perfeito e se revolta pela festa que o pai faz para o mais novo.
O pai sai ao encontro de ambos, um muda de vida e é justificado, o outro fecha-se em sua soberba e egoísmo.
Mas este também é filho e também é amado. Como disse o pai, “tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu”.
É tempo de conversão. Mas não somente para aqueles que se afastaram de Deus e retornam. É preciso haver conversão, com a mesma intensidade, entre os que se consideram muito bons e até melhores do que o comum das pessoas. Assim somos convidados nesses dias que nos antecedem a celebração da Páscoa do Ressuscitado a procurarmos um confessionário e fazer uma boa confissão auricular, individual, acusando nossos pecados e pedindo a misericórdia de Deus pela absolvição sacramental de um sacerdote.
A conversão, que é preparada por Deus, mas que exige a nossa atuação, é um processo lapidador, que vai nos tornando sempre melhores do que éramos, mas nunca melhores do que nossos irmãos.
Se todos e cada um de nós nos déssemos às mãos, não haveria – como para o Pai celeste não há - melhores, nem piores. Haveria, sim, uma multidão que quer se salvar, salvando o mundo. Sozinhos, nada somos. Juntos, unidos, despidos de egoísmo, seremos os construtores de um mundo melhor, mais fraterno, cheio de alegria, felicidade e paz. Em suma, plenos de Deus.
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