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Urgência de conversão
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Deus tem para conosco a energia de um pai e a doçura de uma mãe: repreende e afaga, mostra os erros e perdoa.

Quando uma mãe adverte o filho, por alguma falta que ele tenha cometido, é porque ela quer que ele seja feliz e que nada de mal lhe aconteça. A mãe não deseja contrariar o filho, mas orientá-lo para que ele aprenda a viver.

Assim também – é com muito mais sabedoria e infinito amor - é o comportamento de Deus para conosco. Ele não castiga os maus e recompensa os bons, como se todo aquele que enfrenta tragédias fosse um culpado e todo homem de sorte fosse um protegido de Deus, recompensado pelos seus méritos.

Rememorando a vida dos santos e, principalmente, a vida de Jesus, sabemos que o raciocínio de “olho por olho e dente por dente” é puramente pagão e está em posição inversa à misericórdia de Deus.
No caminho da vida, há acontecimentos trágicos, com os que temos assistido diariamente, através da imprensa e mesmo perto de nós. Esses fatos não significam que as vítimas são mais pecadoras do que os outros. Ao contrário, esses fatos são convites abertos para que se pense no imprevisível e, portanto, na urgência da conversão para se construir a nova história.

No nosso cotidiano, por exemplo, quando sabemos que o vizinho foi assaltado, logo procuramos fazer com que a nossa casa tenha mais segurança.

Deus não quer que façamos como os pagãos, que só fazem o bem em retribuição a outro bem recebido. Quando praticamos o mal, não é Deus quem nos castiga, o mal que praticamos traz consigo a própria punição, pois, analisando bem os mandamentos, percebemos que são as normas de nossa felicidade.

Se enchermos nosso coração com ódio, inveja, maus desejos, isso, naturalmente, se exteriorizará e as consequências virão mais cedo ou mais tarde.

Na parábola da figueira estéril, podemos perceber o seguinte: a figueira representa cada um de nós, o dono da fazenda é o Pai do Céu. A figueira realmente está atrapalhando o vinhedo e não produz frutos há três anos. Merece mesmo ser cortada.

Mas vem o pedido de clemência do agricultor ou viticultor. Ele vai fofar a terra e adubá-la. É mais uma chance para a figueira. É mais uma chance para cada ser humano. O agricultor é Cristo, que veio redimir-nos N'Ele, Deus sempre nos dá uma última chance.

Por isto, a nossa conversão é urgente. Como desperdiçar esta oportunidade que o Pai nos dá, com paciência e misericórdia?

Algum mal aconteceu com alguns de nossos irmãos. Não somos melhores do que eles. Somos vulneráveis. Tudo pode acontecer conosco também. É preciso escutar e aprender as lições que a Palavra de Deus constantemente nos dá. É urgente. Quem nos fala é um Deus que é pai e mãe e que sempre nos mostra o caminho que devemos trilhar para conquistar a nossa própria alegria de viver, paz e felicidade plena. Por isso, ainda peregrinando em Roma, rezo junto aos túmulos dos Apóstolos para que todos nós tenhamos a coragem de passar do velho para o novo, da morte para a vida, do pecado para a graça neste tempo favorável de conversão, de santidade e de coerência de vida.



 
 
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