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Sede Santos
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Meus queridos Irmãos,

Quero aproveitar deste momento, entre os poucos momentos que tive, desde há muito, com todos os membros da Igreja Arquidiocesana, na espiritualidade da Renovação Carismática Católica, para agradecer-lhes pelos serviços pastorais em nossa Arquidiocese, mas, também, para louvar convosco o Deus UNO e TRINO.

Ao mesmo tempo, como Arcebispo e Pastor dessa Igreja Particular de Juiz de Fora, quero oferecer-lhes a minha palavra de Pastor Próprio e Guia na força do Espírito Santo, princípio vital dessa mesma Igreja.

Em 2002, logo que tomei posse do Governo Pastoral na Arquidiocese, juntamente com a coordenação arquidiocesana da RCC, elaboramos algumas Orientações Pastorais sobre a RCC, na Arquidiocese de Juiz de Fora, para que servissem de referência a todas as comunidades e a todos os membros da RCC, pertencentes às comunidades da Arquidiocese, ou sejam de outras Dioceses que viessem atuar em nossas comunidades.

Afirmarmos que essas orientações continuam válidas e expressam o objetivo de continuarmos assumindo a RCC, na Arquidiocese de Juiz de Fora de tal modo que a RCC possa efetivamente dar a sua colaboração pastoral e também receber das comunidades a indispensável acolhida e assim, realmente, concretamente, integrá-la na vida da Igreja, dessa Igreja Particular de Juiz de Fora.

Meus queridos Irmãos,

Os membros da RCC devem ter presente o que é uma Igreja Particular. Por isso neste dia de Congresso, em que eu sou convidado como  Arcebispo, o primeiro responsável pela formação dos batizados desta Igreja, me permito a clarear-lhes o significado da pertença concreta a Igreja Arquidiocesana.

O Papa Paulo VI recorda-nos na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi – A Evangelização no Mundo Contemporâneo – que não podemos perder de vista os dois pólos da Igreja: A Igreja universal e a Igreja particular (diocesana).

Uma Igreja espalhada por todo o mundo tornar-se-ia uma abstração se ela não tomasse corpo e vida através das Igrejas particulares. As Igrejas particulares, porém, separadas da Igreja universal, perderiam sua referência ao desígnio de Deus e empobrecer-se-iam sua dimensão eclesial (EN 62).

“Na vida da Igreja, a participação dos fiéis leigos encontra a sua  primeira e necessária expressão na vida e missão da Igreja particular, da Diocese, na qual está verdadeiramente presente e atua a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica.

Para poder participar adequadamente na vida da Igreja, é absolutamente urgente que os fiéis leigos tenham uma idéia clara e precisa da Igreja particular na sua originária ligação com a Igreja universal... um laço vivo, essencial e perene as une entre si, enquanto a Igreja universal existe e se manifesta nas Igrejas Particulares
” (Christifideles Laici 25).

O Concílio Vaticano II pede que os fiéis “cultivem constantemente o afeto à diocese, de que a paróquia é como que uma célula, sempre prontos, a convite do seu Pastor, a unirem suas próprias forças na colaboração com as iniciativas diocesanas” (Apostolicam Actuositatem - Sobre o Apostolado dos Leigos, no. 10). É claro que os fiéis não podem perder de vista as necessidades do povo de Deus, disperso por todo o mundo.

O Papa Paulo VI dizia que “cada um deve se sentir feliz de pertencer a própria diocese. Cada um pode dizer da própria Igreja diocesana: aqui Cristo me esperou e me amou; aqui O encontrei e aqui pertenço ao seu Corpo Místico. Aqui me encontro dentro de sua unidade

Digo com franqueza isso a todos os membros da RCC porque é necessário essa pertença a Igreja de Juiz de Fora numa necessária interação a tudo o que se vive e se realiza na vida pastoral e apostólica de nossa Igreja.

O Primeiro Congresso que vocês hoje realizam é um chamado à santidade: mas a santidade se inicia à partir de uma adesão mais concreta a vida da Igreja Particular, interessando-se pelas múltiplas atividades da Igreja de Juiz de Fora, como as missões populares, evangelizar a nossa imensa Arquidiocese, não só o centro da cidade e a sua periferia, mas as cidades do interior e a zona rural. E, agora, dentro de um novo desafio que quero lançar aos membros da RCC de Juiz de Fora: a ajuda de todos vocês é fundamental para que a Rádio Catedral FM 102,3 funcione satisfatoriamente.

Vamos colaborar para que a Rádio de nossa Fundação Dom Justino José de Santana seja uma Rádio que seja portadora do objetivo de nosso encontro: que todos possamos ser santos no dia a dia desta pertença à Igreja de Juiz de Fora, neste chão abençoado, da Zona da Mata que Deus nos colocou e que nós devemos gastar nossos esforços pastorais, intelectuais e materiais para tornar Jesus mais amado, conhecido, dentro da pergunta que deve nos incomodar dentro da liturgia de hoje, que é a pergunta de Pedro: “A quem iremos, Senhor?”(Cf. Jo 6,68).

Meus queridos Irmãos,

Assim, como na época de Jesus houve momentos de crise, não podemos dizer que na nossa época não há crises. Ele nos ensinou como dar solução às mesmas. Às vezes, alguns podem julgar que as nossas orientações não são convenientes ou não são mais válidas para os membros atuais da RCC. Quero afirmar como Jesus afirmou: em momento algum Ele adaptou a sua pregação ao gosto de seus ouvintes (Cf. Evangelho do 21o. do Tempo Comum – Jo 6,60-69).

Nem mesmo traiu o Reino para agradá-los. Desempenhava sua missão na mais absoluta fidelidade ao Pai e ao seu Reino, embora correndo o risco de escandalizar as pessoas e até afastá-las de Si. Sua linguagem tornou-se para muitos, dura e incompreensível. Não dava para suporta-la!

É claro, queridos irmãos e irmãs, que o auditório de Jesus era outro, formado até mesmo por pessoas com uma consciência religiosa um tanto estreita e, por isso suas palavras nem sempre eram compreendidas pelos que eram e pelos que não eram seus discípulos. Assim aconteceu com o seu discurso sobre o pão da vida. Este chocou a sensibilidade de todos. Seu conteúdo parecia-lhes inaceitável. Talvez duvidassem até mesmo da sensibilidade mental de Jesus.

E, quando este falou que voltava ao Pai, o resultado foi o abandono de muitos discípulos que se recusavam a permanecer com Jesus. É que, Jesus, não aceitava ser seguido por quem não quisesse acolher sua mensagem, sem restrições.

Daí o desafio lançado o “grupinho”de discípulos que permaneceu junto dele. Se quisessem, poderiam também ir embora. Se ficassem, deveriam fazer um esforço para entrar na dinâmica que lhes era proposta. A resposta de Pedro sintetizou a atitude do verdadeiro discípulo do Reino. Só Jesus merece ser seguido, por ter Ele palavras de vida eterna, embora duras de serem assimiladas.

Meus irmãos,

E hoje, neste Congresso Sede Santos, principalmente como membros da RCC, como escutamos, comentamos e praticamos os ensinamentos do Magistério da Igreja? do Papa? Do Concílio Ecumênico Vaticano II? De Medellim? De Puebla? De Santo Domingo? Do Sumo Pontífice Bento XVI? Do CELAM? Da CNBB? Do Arcebispo Metropolitano? Da IGREJA? Seria uma boa reflexão para todos os seguidores de Cristo, hoje, que se dizem cristãos, particularmente, CATÓLICOS, membros dessa Igreja.

Por isso, disse anteriormente, as Orientações que fizemos e publicamos para a RCC continuam em VIGOR. Pedimos: sejam elas estudadas em todos os grupos de RCC desta Arquidiocese. Ninguém ouse modificar nenhuma norma, como se fosse “uma Igreja Paralela”. Todos delas tomem o devido conhecimento e as coloquem em prática com religioso acatamento.

Continuemos esperando que estas normas contribuem para o crescimento da vida da Igreja Arquidiocesana que queremos ser: COMUNHÃO-PARTICIPAÇÃO-MISSÃO. Assim sejam todos fortalecidos na fé cristã e na vivência autêntica do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Que todos nos empenhemos – PASTOR E REBANHO – IGREJA QUE CAMINHA NA UNIDADE – em assumir melhor a missão evangelizadora, ponto de convergência que a todos deve nos unir.

Fazei-nos, Senhor, Evangelizar proclamando a Boa Nova de Jesus Cristo, Caminho para a Santidade, na força do Espírito Santo, por meio do serviço, do diálogo, do anúncio e do testemunho de comunhão, à luz da evangélica opção pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa humana, renovando a comunidade eclesial, formando o Povo de Deus e participando da construção de uma sociedade justa e solidária a caminho do Reino Definitivo. Amém. Aleluia!

Juiz de Fora, 26 de Agosto de 2006.

 



 
 
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