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Maria, Mãe de Jesus
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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O NATAL é iluminado por três personagens: Jesus, o Menino Deus, Maria, sua mãe, e José, seu Pai adotivo, como ele é chamado pela tradição na Igreja.

Vamos falar um pouco da Mãe de Jesus.

O Evangelho de Lucas nos relata Maria, como uma virgem silenciosa, cheia de graça e escolhida por Deus para a maternidade divina.

O Filho de Deus, Jesus, visto que para Deus tudo é possível, poderia vir a este mundo de outra maneira, mas o Pai quis que Ele viesse a este nosso mundo da maneira como todos os homens a ele vêm e, por isso, escolheu-lhe uma mãe,
especialíssima, Maria.

Jesus não seria um verdadeiro homem, se não tivesse, como todos nós, uma mãe, que o amamentou, alimentou, acompanhou seus primeiros passos, ensinou-lhe as primeiras palavras do povo, no meio do qual nasceu.

A mãe, como é cantada em todos os tempos, em todos os idiomas, é o ser mais próximo da vida, é mistério sacro e realidade terrena, aurora e crepúsculo, combate e ternura, vida a perpetuar gerações.

Todo ser humano, homem ou mulher, se forma da conjunção da célula do pai e da célula da mãe, e o ser que nasce, embora tenha traços genéticos de seus pais, é um novo ser, distinto de quem o gerou.

Mas a maternidade virginal de Maria é um mistério de fé e, por isso, o credo diz: “et incarnatus est de Spiritu
Sancto ex Maria Virgine”. Jesus para se tornar homem tomou os códigos genéticos de Maria, por intervenção da força criadora do Espírito Santo, diríamos em linguagem de hoje.

O dogma da maternidade divina diz que a força criadora do Espírito Santo se operou em Maria, com o seu expresso consentimento: “Faça-se em mim, segundo a tua palavra”, disse Maria ao anjo ao permitir que o Espírito Santo gerasse nela o Filho de Deus.

Todavia, por ter sido Jesus gerado apenas com os códigos genéticos de Maria, os traços todos dele, interna e externamente, são de Maria, sua mãe.

Com efeito, a carne de Jesus, isto é, seu corpo, sua aparência, sua face humana, podemos dizer foi tirada toda de
Maria.

A educação de Jesus, Ele a obteve de Maria e de José, seu esposo, enquanto vivia.

Esse, a meu ver, a maior glória de Maria, ter fornecido toda a carne de Jesus ao transmitir-lhe seus códigos genéticos, com os quais se formou a natureza humana de Jesus e, por isso, com toda glória, podemos dizer como São Mateus, prenunciando a maternidade virginal de Maria: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qualnasceu Jesus, que é chamado o Cristo.” (Mt 1, 16).

Com efeito, de Maria, “ex Maria”, nasceu Jesus, chamado o Cristo.

No Natal não podemos venerar o Menino Deus, sem venerar sua mãe.

Termino, essas breves incursões no mistério da maternidade divina de Maria, com a prece que fiz ao meditar sobre esse grande mistério:
Maria, minha Mãe, Mãe da v ida, da entrega, da salvação.
Como louvar-te, como agradecer-te por seres minha Mãe?
Maria, Mãe e Mulher, sol e chuva, luz e silêncio, solidão e comunicação, ternura e paz.
Recebe nesta hora minha prece, minha súplica.
Vem, Maria, ajuda-me nesta vida atribulada.
Traze-me sempre teu Jesus, meu irmão, tua paz e descanso.
Vem, Maria, vem. Vai sempre a frente de tudo o que eu tenha de fazer.
Luta por mim, Mãe de Deus, minha Mãe, socorre-me, salva-me. Amém.



 
 
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