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A alegria do cristão
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Estamos num mundo assolado pela tristeza. Basta abrirmos os noticiários e estamos diante de um mundo em sempre é ressaltados fatos, que nos levam a pensar que tudo está perdido.

Tudo isso nos conduz a uma civilização em que a morte é mais ressaltada do que o amor.

Mas a mensagem cristã é outra, bem outra.

Jesus no sermão da montanha proclamou o código da felicidade e da alegria.

Se trilharmos pelo caminho das bem-aventuranças, a alegria, o encanto da vida e a felicidade serão nossas companheiras.

A origem de toda infelicidade, de toda tristeza, está no apego que temos aos nossos pertences, isto é, bens materiais, bens da mente, bens do coração.

Há uma filosofia diabólica que está por trás de toda notícia ruim divulgada pela nossa imprensa. É o seguinte: enquanto ficamos desalentado com as más notícias, seguidas de propaganda maciça sobre bens materiais, isso nos leva a consumir esses bens, cada vez mais.

É a filosofia pagã do “carpem die ”, usufruir o máximo da vida, pois, ante um mundo tão desalentador, não sabemos se amanhã podemos consumir esses bens.

Nosso Senhor Jesus Cristo no código da felicidade disse: bem-aventurados os pobres, porque deles é o reino dos céus”. Esse ensinamento de Jesus Cristo tem um grande significado para o cristão.

Com efeito, se estamos apegados aos bens materiais, tais como propriedades, dinheiro, jóias, valores enfim ou aos bens espirituais, como a fama, o prestígio, as honrarias, se, por acaso as vermos ameaçadas temos duas atitudes: ou ficamos com medo de sua perda e ficamos tristes ou as perdemos e ficamos deprimidos.

Francisco de Assis, o pobre de Assis, quando fundou a fraternidade franciscana proibiu que seus seguidores tivessem propriedades de qualquer espécie. Dizia ele: quem tem propriedades e as vê ameaçadas procura defendê-las e a defesa é uma guerra, pois a propriedade reclama por seu dono.

Assim, a fonte perene da alegria é o desapego de tudo, para termos um coração pobre e humilde como o de Cristo, nosso mestre e ideal.

A tristeza não é coisa boa, mas fonte de morte e depressão.

Quero finalizar essas breves considerações com o ensinamento do livro sacro do Eclesiástico, Capítulo 30, versículos 22 a 27:

“ Não entregues tua alma à tristeza,

Não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos.

A alegria do coração é a vida do homem,

É um inesgotável tesouro de santidade;

A alegria do homem torna mais longa sua vida.

Tem compaixão de tua alma e torna-te agradável a Deus e sê firme;

Concentra o teu coração na santidade,

E afasta a tristeza para longe de ti;

Pois a tristeza matou a muitos deles.

E não há utilidade alguma nela.

A inveja e a ira abreviam os dias,

E a inquietação acarreta a velhice antes do tempo.

Um coração bondoso e nobre banqueteia-se eternamente,

Pois seus banquetes são preparados com solicitude.”



 
 
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