Celebramos a Semana da Família, tempo proposto pela Igreja no Brasil para uma reflexão mais profunda sobre o tema, de grande atualidade em face das mutações sociais e econômicas e, talvez, mais intensamente, pela evolução técnico-científica.
Não fora de propósito, as leituras bíblicas da Liturgia desta semana nos apelam para a convivência fraterna, o perdão recíproco e a fidelidade.
A limitação do espaço de um artigo não nos permite abordar todos os temas que afloram à nossa mente quando nos pomos a refletir sobre a família, seu conceito, sua importância como formadora da sociedade, dos laços de sangue que nos unem, a corrente da tradição civilizadora e evangelizadora de que é portadora e tantos outros que merecem ser tratados à luz da fé.
Quantas vezes relegamos a fé ao tratar dos assuntos que nos dizem respeito no dia-a-dia.Corremos atrás da ciência e de suas novidades sem nos aprofundarmos na busca da verdade.
Na última quarta-feira, Yves Gandra Martins, um lúcido e renomado jurista católico, escreveu, no Jornal do Brasil, ao retornar de um congresso científico, que a ciência somente descobriu os caminhos da evolução milênios após a fé e que, quando no fim dos tempos, estiver subindo o último patamar, já lá em cima estarão sentados os teólogos e, peço permissão para acrescentar sobretudo os homens de fé.
Voltemos a um aspecto muito importante na formação familiar. O laço fundamental da constituição da família é a fidelidade. Esposo e esposa prometem-se mutuamente a fidelidade no amor em tudo e em todas as suas conseqüências, na saúde, na doença, na riqueza e prosperidade, nas lutas da pobreza. “Prometo-lhe ser fiel por toda a vida”
Nos primórdios da formação teológica católica, Agostinho nos ensinava que o casamento consiste: “proles, fides et sacramentum”. Podemos variar a ordem, mas a essência está nestas três palavras, hoje, um tanto esquecidas até na pregação eclesiática, diante da intensidade das ciências modernas do comportamento, da psicologia e até da perversão do conceito de AMOR, que perde a reciprocidade para se tornar egoisticamente satisfação pessoal.
“FIDES” – Fidelidade.Tão importante é este vínculo que o próprio Deus fez dele o tema profético para mostrar o seu amor ao povo que escolheu, para demonstrar a infidelidade de Jerusalém, que se prostituiu com todos os passantes. Mas, sobretudo para abrir seu coração com amor eterno, - “Com amor eterno eu te amei. Dei a minha vida por amor”
Quando dois olhares se encontram há, ali, sem nenhuma conotação com tempo, há, ali, firmado um projeto de eternidade. Como Deus nos amou e nos ama, há, também, naquele olhar uma extensão humano- divina – pois somos filhos de Deus pela graça – do mesmo projeto criador que perpassa o tempo e atinge a eternidade.
Neste projeto, cheio do Espírito de Deus, o élan de amor, o impulso criador, vem o sacramento confirmar com a graça, pela morte e ressurreição de Cristo.
A família católica, a família cristã tem de se arraigar na fé, sobretudo nestes tempos, já previstos pelo apóstolo Paulo quando escreveu ao seu discípulo Timóteo.
Como é bela a liturgia que celebra perante a comunidade 50, 60 anos de fidelidade, coroada de filhos e netos e sobretudo de um amor selado naquele olhar que não se sabe bem como, mas foi confirmado diante de Deus e da Igreja e propagou a vida e a fé.
Valorizemos, os esposos a fidelidade mútua e a Igreja na colaboração para a firmeza do compromisso assumido, seja com a presença oportuna, seja com a ajuda ou com qualquer outro meio que puder para que a família cumpra sua missão
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