Importância do(a) catequista na sociedade hodierna |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Para termos uma vaga idéia da necessidade do(a) catequista hoje, basta abrirmos os jornais, onde vislumbramos tanta violência, desrespeito aos direitos mínimos do ser humano, tantos desvios de conduta daqueles que o povo escolheu para conduzir a sociedade. Vivemos em uma sociedade hedonista, consumista, injusta, sem qualquer espiritualidade, como se a vida fosse um festim, iniciada com o nascimento e finda com a morte. Nessa linha de raciocínio, entende-se, então, ter que “curtir” a vida, porque tudo se acaba, tudo passa com o final da vida.
Com efeito, o homem “encontra-se, pois, dividido em si mesmo, e, assim toda a vida humana, quer singular, quer coletiva, apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. Mais: o homem descobre-se incapaz de repelir por si mesmo as arremetidas do inimigo: cada um sente-se como preso com cadeias. Mas o Senhor em pessoa veio, para libertar e fortalecer o homem, renovando-o interiormente e lançando fora o príncipe deste mundo (Jo 12, 31), que o mantinha na servidão do pecado” (in “Gaudium et Spes”). Ressoa como esperança o grito da alma, sempre em busca de seu Deus e criador: “Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração inquieta-se enquanto não descansa em Ti” (Santo Agostinho in “Confissões”).
Bem, por tudo o que acima referimos, pode-se vislumbrar a importância do(a) catequista para a sociedade de hoje, pois ele(a) é o transmissor, ao lado da Igreja hierárquica das verdades transmitida por Jesus Cristo, única salvação.
Com efeito, toda catequese se faz ao redor de Cristo Jesus. “É o “Cristocentrismo’ da Catequese, procurado com insistência pelo Sínodo dos Bispos de 1977 e tão ricamente ilustrado pelo Papa João Paulo II no capítulo I da ‘Catechesi Tradendae’. ‘Cristocentrismo’ significa não só que Cristo deve aparecer na Catequese como ‘a chave, o centro e o fim do homem, bem como toda a história humana’ (GS 10), mas que a adesão à sua pessoa e à sua missão, e não só a um núcleo de verdades, é a referencia central de toda a Catequese” (n. 95 e 96 – Doc. 26 da CNBB – “Catequese Renovada”). O(a) catequista é, pois, o leigo engajado na missão de mostrar ao mundo contemporâneo que Cristo, caminho, verdade e a vida, é a única solução para que o homem de hoje tenha unidade consigo mesmo e dê um sentido final a sua vida, muitas vezes palmilhada por sofrimentos e dores.
Com efeito, o(a) catequista vivendo na sociedade pode, numa linguagem menos clerical, falar ao homem de hoje, entender seus problemas e indicar-lhe o caminho da paz , da serenidade e da alegria de viver, tudo isso sem desvio da integridade da mensagem de Cristo e de sua Igreja. Cristo mesmo, como se vê nos Evangelhos, sempre deu destaque à catequese, tanto assim que enviou 72 discípulos para levar a boa nova a lugares, onde Ele não tinha estado. Deu aos enviados a missão de levar a paz, sem outro qualquer objetivo. “Depois disto, designou Jesus outros setenta e dois e enviou-os dois a dois, adiante de si, a toda cidade e lugar onde havia de ir. E lhes disse: ‘A messe é grande e os operários são poucos; rogai, pois, ao Senhor da messe que mande operários à sua messe. Ide, envio-vos como cordeiros ao meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem sapatos e a ninguém saudeis pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes dizei primeiro: A paz seja com esta casa... Em qualquer cidade onde entrardes e vos receberem, comei o que vos for servido e curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: O reino de Deus está perto de vós’” (Lc 10). Ora, não se pode negar que esses 72 discípulos foram os primeiros catequistas. E dessa forma, o(a) catequista deve ser, antes de tudo, um propagador da PAZ, como o Senhor deseja e quer para o mundo de hoje.
Por isso ao saudar todos os catequistas, particularmente os catequistas da Arquidiocese de Juiz de Fora, agradeço a Deus pelo ministério que eles tão benignamente exercem como transmissores da fé. Não posso me descurar, também, de saudar meu querido e saudoso colega de episcopado em Minas, Dom José Costa Campos, segundo bispo de Divinópolis, que tendo sido anteriormente bispo de Valença (RJ), foi o grande artífice da Catequese Renovada no Brasil. Dom Costa Campos abriu caminhos novos que todos nós hoje seguimos, alentados pelo Documento de Aparecida que nos convida a uma conversão pastoral. Essa conversão deve, primordialmente, começar da hierarquia eclesiástica, passando por todos os agentes de pastoral, para se chegar ao povo santo para que, iluminados pelo Cristo, comprometam-se com o Evangelho e a mensagem de Cristo, transmitindo com afeto e ardor os tesouros de nossa fé.
A todos(as) os(as) catequistas, a minha bênção e a minha oração, para que se mantenham firmes na sua missão e que não se descuidem, jamais, da formação permanente, buscando sempre novos modos para que Jesus seja anunciado, vivido e testemunhado no mundo que busca a paz e a santidade. Amém!
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