O Ano Sacerdotal |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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“O Sacerdote é o amor do Coração de Jesus. Quando virdes o padre, pensai em Nosso Senhor Jesus Cristo.”
Esta conhecida citação de São João Maria Vianney é muito oportuna na meditação a que nos convida o Papa Bento XVI, ao proclamar o Ano Sacerdotal.
Comemorando o sesquicentenário de morte desse grande Confessor, quis o Beatíssimo Padre que toda a Igreja se unisse em oração pela santificação do clero e que uma reforma de costumes na vida clerical, apontando como exemplo o dedicado Cura da pequenina Ars dos oitocentos: “as almas custam o sangue de Cristo e o sacerdote não pode se dedicar à sua salvação se se recusa a contribuir com a sua parte para o ‘alto preço’ da redenção”.
“Sacerdots alter Christus”. Nesta máxima se encerra a proposta do Santo Padre para este Ano Sacerdotal, inaugurado na solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, modelo do coração sacerdotal. Assim como Nosso Senhor se entregou até à morte pela redenção da humanidade, participante que é o sacerdote dos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição, deve se entregar integralmente ao ministério que lhe foi confiado, pela graça da vocação a ser “outro Cristo”.
Na meditação, aprofundando-se na espiritualidade; na celebração da Santa Missa, in personna Christi; na oração do Breviário e na recitação do terço deve o padre armar-se do que necessita para revigorar-se nesta bonita caminhada, levando “Jesus às almas e almas a Jesus”. Na vida modesta, recatada, fugindo as ocasiões de escândalo, sem dar oportunidade ao pecado, o sacerdote será um sinal de Cristo neste mundo conturbado, será um exemplo a refletir as virtudes necessárias para a santificação de todos, a partir de sua conduta e de seu exemplo.
A vida do padre é de constante entrega. Por isso, deve estar sempre procurando aprimorar-se, também, nos conhecimentos necessários para que possa ser um lídimo ministro de Cristo, mensageiro do Evangelho, dispensador das graças concedidas pelos sacramentos. A formação intelectual não se encerra ao fim dos estudos no seminário, mas deve-se prosseguir, aprofundando-se mais nos temas que lhe competem, sabendo combater os erros que as novas ideologias vão semeando pelo mundo, o joio que vai nascendo na seara do Senhor.
Unido a Nosso Senhor, pelas práticas de piedade, estará, ainda, o sacerdote exercitando a prática da caridade. O amor deve ser flamejante no coração do padre, para que seja capaz de aquecer, principalmente os mais enrijecidos pela frialdade da indiferença e do distanciamento de Deus. Que sua palavra seja certeira no coração dos homens, atraindo-os a participar de sua comunidade, de se reconciliar e poder se unir, também, a Cristo na Santa Eucaristia. Só assim, conquistando os homens, o mundo poderá se mudar, instaurando o Reino de Deus.
Mas para isso precisamos de santos sacerdotes, comprometidos com a causa do Evangelho e dedicados ao seu ministério. Por isso, para que a proposta do Papa seja eficaz, rezemos e rezemos muito pelas vocações sacerdotais, pela santificação do clero e sua perseverança final. Que todos nós encontremos na figura de São João Maria Vianney, o alento para nossas limitações e, pelo exemplo que nos lega, encorajemo-nos a buscar, sempre mais, a santidade, por amor a Cristo e à Sua Igreja.
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