Salve, ó Virgem Mãe Maria! |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Vinde todos os homens, todas as nações da terra, vinde coros dos anjos unir-se aos louvores que brotam do coração de todos os fiéis neste mês de maio, cantando as glórias de Maria.
Inspirado nas palavras de São João Damasceno, um dos Padres da Igreja que saia do sangue de seus mártires nos primeiros séculos, quero refletir um pouco com vocês, que me lêem, sobre o mistério divino que se realizou em Maria.
No hino em que a Igreja saúda a Maria, como a Estrela do Mar, como a Mãe de Deus, a Virgem Imaculada, a feliz Porta do Céu, há um verso, o subseqüente ao que livremente mencionamos, que canta: “Assumindo aquela saudação do anjo Gabriel, guardai-nos na paz, Vós de mudaste o nome de Eva.”
Eva com sua desobediência, trouxe-nos a morte, Maria com o seu “sim” gerou-nos para a vida. São Paulo nos ensina, que chegada a plenitude dos tempos, a nós que estávamos sujeitos servilmente ao pecado, Deus enviou eu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a lei para nos resgatar da morte e deu-nos a adoção de filhos de Deus, enviando o seu Espírito em nosso coração pelo qual podemos clamar, Aba, meu Pai.(Gal.4, 4-5)
Maria é, pois, aquela em quem, primeiro e com a maior perfeição, se realizou o mistério da redenção, a santificação da humanidade e de todo o universo, em quem pela previsão do sangue de seu Filho, jamais penetrou o pecado, desde a sua concepção. “Não podia tal Mãe assim eleita, por um momento à culpa estar sujeita”, já, há séculos, cantavam nossos pais no Ofício popular da Imaculada Conceição.
O santo que nos inspira neste texto, exalta-a neste trecho, extraído do seu sermão sobre a natividade de Maria e que vamos citar na sua integridade, pela sua beleza: Na verdade, tu és mais preciosa que toda a criação, pois só de ti o Criador recebeu em partilha as primícias da nossa matéria humana. A Sua Carne foi feita da tua carne, o Seu Sangue do teu sangue; Deus alimentou-Se do teu leite, e os teus lábios tocaram os lábios de Deus”.
E, em outro tópico, exclama:”Que outra digna morada, senão Tu para Deus! Com razão todas as gerações a proclamam bem-aventurada, ó gloria insigne da humanidade!” Como seu Filho, que sendo Deus, assumiu em seu seio a condição humana, Maria, reconhece humildemente, a ação divina em sua pessoa, mas, a exalta na glorificação que o Pai lhe reserva perante toda a família das gentes que vão reconhecê-la como Aquela pela qual nos veio a salvação. Com o mesmo santo, vamos saúda-la:
“Oh maravilhas incompreensíveis e inefáveis! Na presciência da tua dignidade, amou-te o Deus do universo; porque te amou, predestinou-te, e nos «últimos tempos», chamou-te à existência, e constituiu-te Mãe para gerar um Deus e alimentar o Seu próprio Filho e Verbo”
Ela é a escada de Jacó, que apoiada sobre a terra redimida se eleva até a glória de Deus e pela qual subimos, renunciando ao pecado pela graça daquele que Ela nos deu. Ela uniu a terra ao céu por seu Filho que, nascido do seu seio era homem, mas gerado pelo Espírito Santo tinha em si a divindade. Ela é a Porta do Céu.
Moisés, no deserto, preceituou que a Tenda do Senhor, o santuário que continha as tábuas da lei e os instrumentos santos pelo quais se manifestou o poder de Deus na travessia do mar, na libertação da escravidão do Egito fosse ricamente ornado.
Que se apague essa gloria diante de Maria. A Arca da Aliança e a Casa de Ouro, com que a honramos na ladainha, como imagem apenas, diante da morada de Deus Vivo na pessoa de seu Filho, nela presente substancialmente. Ela o portou dentro de si, tendo-o concebido no seu coração no desejo ardente que a inspirava na meditação dos textos proféticos, antes mesmo de o portar no seu seio materno. O seu amor supera todas as jóias e riquezas da natureza.
Assumindo a maternidade divina, assumiu-nos também a todos nós, irmanados, pela adoção, ao seu Filho divino. E assim não cessa de interceder por nós. Anuncia-nos, como a Estrela da Manhã, o raiar do Dia eterno, o raiar daquele Sol que desconhece o ocaso, como a Igreja canta na Páscoa.
Ela é a Estrela do Mar, a guiar os navegantes no mar tempestuoso desta vida, indicando-nos a altura dos astros e o norte para chegarmos felizes ao porto definitivo.
Se somos filhos de Eva, pela raiz do pecado que está em nós, vamos suplicar a Maria, a Mãe pela qual nos veio a vida, que nos mostre Jesus, o bendito fruto do seu ventre, Ela que é a clemente, a piedosa, a doce Virgem Mãe, Maria.
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