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Tempo de ação de graças
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Para cada coisa há seu momento e um tempo para toda atividade debaixo do céu” (Ecl. 3,1). O momento agora  é, para mim, um tempo de ação de graças e de me colocar disponível nas mãos do Senhor.

Que mistério não é o tempo! Há 8 anos, fomos chamados à missão de conduzir o povo de Deus na Arquidiocese de Juiz de Fora, onde nasci, fui batizado e crismado, e recebi as ordens sacerdotais até a plenitude do episcopado.

Neste tempo, posso afirmar, como São Paulo: “Não é a nós que pregamos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, nós não somos mais que servos vossos, por amor de Jesus” (2Cor. 4,5). Procurei exercer o ministério apostólico fiel à graça recebida, anunciado a Palavra sem temor e na caridade de Cristo e confirmando na fé o rebanho a mim confiado. Por outro lado, recebi sempre a dedicação, o amor e a gratidão dos fiéis.

Agora, Deus nos chama a novas missões, compatíveis com nossas forças, mostrando-nos quanto falta ao mundo para receber sua mensagem de salvação. E, diante do que Ele quer de nós, humildemente nos colocamos disponíveis.

Coincide a data com a celebração da festa da anunciação do Anjo a Maria, quando estes dois momentos, de total aceite da missão e da alegria da ação de graças, se manifestam em sua plenitude no coração de Nossa Senhora.

A uma Virgem, trêmula e confusa diante da saudação, “pois tremer é próprio das virgens”, segundo o comentário de Santo Ambrósio, o Anjo traz a mensagem divina com todo o mistério nela contido.

E o que responde Maria: “Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1, 38) “Veja humildade, veja a devoção. Chama-se de serva quem é eleita Mãe do Senhor.”

E, logo a seguir, em visita a Isabel, entoa o hino de ação de graças e louvor, o Magnificat. Sua alma engrandece o Senhor porque nela fez grandes coisas.

Quero, a exemplo de Maria, entoar uma hino de ação de graças por tudo o que por mim fez o Senhor, por tudo o que Ele fez, através de minhas mãos, ao povo que me foi confiado. Espero também que, por seu auxílio, possa ser sempre disponível ao ministério apostólico da Igreja pela salvação do mundo.

O tempo, diz Sertillanges em uma de suas meditações, porta toda a vida e toda atividade aqui na terra lhe é sujeita. Pode ser um tempo perdido se não aproveitado na dignidade do homem, como aqueles que o consomem na vaidade e na cobiça. Para aqueles para quem equivale tão só ao dinheiro, à formação das riquezas que se consomem com o próprio tempo, ou aos prazeres de uma noite que se extinguem com os clarões da madrugada.

O nosso tempo é encimado pela cruz. É o tempo que nos é dado para que o mistério da encarnação do Filho de Deus penetre em todas as coisas. Em primeiro lugar em nós, como batizados e, por nós, portadores da redenção em Cristo, no meio do universo, para a libertação da humanidade do domínio do pecado.

Há momentos próprios para se parar um pouco na caminhada. Agradecer ao Pai Celeste, aos irmãos de caminhada e de ideal, sacudir a poeira do caminho e ir em frente.

 Discípulos e missionários, não podemos voltar atrás. Anunciar o tempo da salvação, a redenção de Cristo em toda a sua plenitude. É a nossa missão.  Contamos com a graça de Deus. É a mensagem que transmito a todos quando vou partir para novas caminhadas a serviço do Evangelho. Rezemos uns pelos outros.



 
 
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