Na esperança de famílias santas |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Encerrou-se, no último domingo, o 6º Encontro Mundial das Famílias. Mais uma vez, à voz de Pedro, representações de quase todas as nações católicas se reuniram no México, onde rezaram, meditaram e foram instruídas pela Igreja, “mãe e mestra”, acerca de temas atuais e levados a aprofundar-se numa espiritualidade específica que incentiva as famílias à santificação.
A questão da família tem sido uma das atenções constantes da Igreja, em meio às sucessivas mutações que a civilização hodierna sofre, sejam elas de conceitos, de estruturação, de valores que vão sendo alterados à mercê do relativismo, e até de uma permissividade desenfreada e sem escrúpulos, corrompendo os princípios morais e éticos na sociedade em que vivemos. Dentro de casa, na rua, nos meios sociais, com ampla divulgação pela mídia, a instituição familiar vem sendo corrompida de forma impiedosa, confundindo os mais vividos, iludindo os jovens, desnorteando-os de toda referência segura que nos direciona à solidificação dos fundamentos desta que é considerada célula-mater da sociedade, embora esse termo seja mais uma mera referência, hoje, do que fundamentalmente seja em sua estrutura.
Em meio a esse rubicão de modos e costumes que atravessamos, aponto aos caros fiéis de nossa Arquidiocese de Juiz de Fora a Sagrada Família de Nazaré, cuja solenidade celebramos há pouco, como paradigma para todos os casais. Na contemplação da convivência feliz na graça de Deus, presente no Verbo Humano, Maria e José viviam em constante oração em seus afazeres, no cumprimento de seus deveres, escolhidos prediletos do Pai no processo de redenção do homem.
Cada um de nós somos, também, escolhidos por Deus para nos santificarmos e promovermos a santificação de todos no meio em que vivemos. É para isso que alertou-nos o Santo Padre Bento XVI, na mensagem enviada aos participantes do Encontro Mundial, no México, ao afirmar que a família cristã se converte em um “Evangelho vivo que todos podem ler”, desde que se viva na “confiança e a obediência filial a Deus, a fidelidade e a acolhida generosa dos filhos, o cuidado dos mais fracos e a prontidão para perdoar”.
O processo de santificação das famílias inicia-se na aproximação do casal, no início do namoro. Esse período, tão desperdiçado pelos jovens, adiantando-se na intimidade sem se conhecerem e, mais grave ainda, antes de se unirem pelo Sacramento do Matrimônio, esse período é importante para que se conheçam bem o modo de pensar de cada um, sua formação moral e religiosa; momento em que se começam a delinear os planos para o futuro, em que se deve promover a interação das famílias. Nesse momento o casal já deve dar o testemunho de um namoro cristão, sendo um sinal de discípulos e missionários na comunidade em que se insere, à luz do Espírito Santo.
A partir daí, essa responsabilidade cristã que o Batismo nos confere, de sermos “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-15), vai se aumentando, não só no trabalho em comunidade. É dentro de casa que a escola da fé nos fortalece e inspira os filhos na confiança e obediência filial a Deus, na formação catequética, nas atividades pastorais, “especialmente aquelas relacionadas com a preparação ao matrimônio ou dirigidas especificamente à vida familiar”, aponta-nos o Papa.
“Trabalhar pela família é trabalhar pelo futuro digno e luminoso da humanidade e pela edificação do Reino de Deus”. Essa exortação de Bento XVI desejo, ardentemente, que reanime nossas comunidades, mais ainda, nossos casais, para que, impulsionados pela voz de Pedro e assistidos sempre pela graça do Espírito Santo, trabalhemos juntos, incansavelmente, pela restauração dos valores essenciais para a santificação de nossas famílias. A São José e à Virgem Maria, recomendo todos o nosso rebanho, para que intercedam a Deus por nossas famílias.
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