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Visitas Pastorais
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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Estamos encerrando as Visitas Pastorais neste ano de 2008. Até o dia 6 de dezembro, data prevista para a conclusão de todo este trabalho, esperamos ter cumprido a programação elaborada para este ano.

E assim, mais uma vez, rendo graças a Deus Nosso Senhor por poder cumprir o que me reserva o múnus episcopal, apesar de algumas vezes não poder assistir a todos com a presteza que tanto desejo, em decorrência de problemas de saúde que, mercê de Deus, estou plenamente recuperado. Contudo, desde que o santo Padre João Paulo II, de santa memória, elegeu-me bispo, tenho procurado corresponder a essa vocação da Igreja, inspirada pelo Espírito Santo.

No precioso Decreto “Christus Dominus”, o Concílio Vaticano II redefine o papel do bispo na Igreja: “Uma Diocese é uma porção do Povo de Deus confiada a um Bispo para que, com a ajuda do seu presbitério, seja o seu pastor: assim a Diocese, unida ao seu pastor e por ele reunida no Espírito Santo, graças ao Evangelho e à Eucaristia, constitui uma Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e atuante a Igreja de Cristo, Una, Santa, Católica e Apostólica” (nº 11).

Há pouco, encerrou-se em Roma o Sínodo dos Bispos, cujo tema desta vez foi a Palavra. Presente na caminhada cristã, desde os primeiros séculos, a Sagrada Escritura é uma herança daqueles que antecederam o Cristo Redentor e que, enriquecida com a Nova Lei, é um instrumento da Revelação de Deus para nós. Revestidos com a plenitude do sacerdócio, trazemos à mão o báculo que conduz as ovelhas e na língua o verbo afiado, pois, assim como a São Paulo, “coube-me a graça de anunciar (...) a inexplorável riqueza de Cristo, e a todos manifestar o desígnio salvador de Deus, mistério oculto desde a eternidade em Deus, que tudo criou” (Ef 3,8-9).

As razões que nos movem às visitas pastorais devem-se, portanto, ao zelo do ministério episcopal. O termo “pastoral” bem define essa missão, a de pastor, de conduzir, de orientar. Essas visitas nos levam até o campo de trabalho de nossos padres. Por alguns dias, vivenciamos com a comunidade o seu dia-a-dia, conhecemos melhor o seu potencial para, a partir daí, orientar a superação das dificuldades que porventura tenham. São instantes preciosos da convivência mais próxima com cada um de nossos padres, ouvindo-os, orientando-os e consultando-os sobre o que, enquanto pastores, podemos fazer por aquela porção de nosso rebanho.

É nessa ocasião que, especialmente, alimentamos aquelas ovelhas com o Evangelho e com a Doutrina, assegurando-lhes a unidade da comunhão, reunidos em torno do altar, centro da vida da Igreja, na celebração eucarística; exercendo a missão que me foi confiada, de santificar, conduzir e governar, na caridade e no testemunho, “uma tarefa cada vez mais árdua, dada a complexidade da moderna sociedade globalizada e as exigências da evangelização”, como asseverou, recentemente, o Eminentíssimo Secretário de Estado do Papa Bento XVI, Cardeal Tarcísio Bertone.

Com a graça de Deus, desde o início de nosso ministério episcopal, tivemos sempre muito gosto em realizar essas visitas. Essa experiência única de poder estar mais próximo de nossos caros diocesanos permite-nos sentir a vitalidade da Igreja, o entusiasmo de muitos sacerdotes – dando-nos a oportunidade de animar aqueles outros que, por motivos vários, podem se sentir arrefecidos – e de testemunhar, também, a disposição e o dinamismo das associações religiosas, movimentos e pastorais que contribuem significativamente para que os leigos assumam seu papel de discípulos e missionários dentro da Igreja, a partir de sua comunidade.

Ao abordar este tema, às vésperas do encerramento das Visitas Pastorais deste ano, asseguro-lhes que, muito mais do que cumprir uma disposição canônica, fazemo-las com o mais puro apreço paterno, indo ao encontro de nosso rebanho, assegurando-lhe a Palavra que conforta e que salva, confirmando-o na Fé, levando-o a sentir ao vivo a plenitude do ministério apostólico do Bispo.

Nas palavras do inesquecível Papa Paulo VI encontramos a definição desta ação apostólica: “A visita pastoral é um ato de apostolado, um ato de presença daquele que é responsável do grande anúncio da salvação para todos, é uma intervenção autorizada e dirigida pelo Bispo-Pastor, para tornar sensível e operante o desígnio divino da redenção, que é, precisamente, uma visita completamente insólita e surpreendente de Deus à humanidade: ‘visitavit et fecit redemptionem plebis suae’ – ‘Ele, o Senhor, visitou e redimiu o seu Povo’ (Lc. 1,68)” (Insegnamenti, 1967, p. 153).

Pois é este o nosso desejo: que nossas comunidades se sintam revigoradas com as Visitas Pastorais, tendo experimentado, pela prática dos Sacramentos, principalmente os da Penitência e da Eucaristia, a misericórdia do Senhor que “visitou e redimiu o seu Povo”. Esperamos, no próximo dia 06 de dezembro, na Ordenação dos novos presbíteros e diáconos de nossa Arquidiocese que será celebrada na Sé Catedral Metropolitana, que representações de todas as comunidades participem da Santa Missa em que agradeceremos a Deus o ciclo das Visitas Pastorais, manifestando a dimensão de discipulado-missionário de nossas Paróquias, que devem ser Igrejas vivas. Pedimos, ainda, a intercessão de Maria Santíssima e de nosso Padroeiro Santo Antônio, para que cheguemos ao termo das atividades deste ano também fortalecidos na fé cada vez mais intensa, na esperança de que todos alcancemos a santidade e na caridade sem exclusões, ilimitada e inesgotável, a exemplo do amor de Deus.



 
 
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