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As razões para viver
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
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As Foranias de nossa Arquidiocese promovem neste domingo, dia 19 de outubro, eventos diversos para marcar o Dia Nacional da Juventude. Desejamos ardentemente que na Igreja Particular de Juiz de Fora, os jovens sejam incentivados e se disponham a viver intensamente esse momento de comunhão com toda a Igreja no Brasil. Por isso, abençoamos os organizadores e todos os participantes desse momento importante para a nossa Arquidiocese.

Ao dar espaço àqueles em quem se encerra o porvir de nossas comunidades, desejamos ardentemente e pedimos as graças do Espírito Santo para que os encontros de jovens, na comemoração do Dia Nacional da Juventude, produzam efeitos na vida de seus participantes, a ponto de influenciar aqueles outros que, até mesmo por desinteresse, não venham cerrar fileiras com a juventude católica de Juiz de Fora.

O momento é de grande importância. Como em todos os anos, as reflexões girarão em torno do mesmo tema da Campanha da Fraternidade. “Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19) foi o alerta dado aos cristãos na campanha de 2008. Dentro dessa mesma temática, a Pastoral da Juventude buscou em Dom Hélder Câmara, de quem comemoramos o centenário de nascimento este ano, o “fio condutor” da comemoração deste domingo: “Temos mil razões para viver”. A partir da exortação desse grande apóstolo destes brasis no século XX, desenvolveu-se o tema específico do Dia Nacional da Juventude “Juventude e Meio de Comunicação”, com o lema “Queremos pautar as razões do nosso viver”.

A vida, este dom precioso e primeiro que Deus nos concede, vai se perdendo pelos atrativos do mundo, pela ambição do amor-próprio, pela sedução do demônio. A vida, que nos faz semelhantes a Deus, exceto na corrupção que nos legaram nossos primeiros pais, vai sendo vilipendiada por tantos que optam pela servidão aos baixos instintos da natureza humana. A vida, existência a partir da qual nos são dadas todas as oportunidades de testemunhar e louvar a Deus, de fazer a Sua vontade, perde o seu sentido em meio a um desordenamento de valores que vai se disseminando pelos veios da sociedade atual, a partir de equivocadas fontes que acreditam ser de intelectualidade científica, no entanto não passam de exutórios por onde verte uma asquerosa ideologia moderna, contraditória, supurada.

E o tema do Dia Nacional da Juventude atenta para um dos principais canais de influência, principalmente dos jovens, numa fase de assimilação e de discernimento: os meios de comunicação. Esse instrumento precioso que promove a interação entre as pessoas do mundo todo está se tornando uma arma mortífera contra a fé, contra a alma, não só para os jovens, mas para toda a humanidade. Cuidado! Peço, insistentemente, aos jovens para que zelem não somente pela vida de seu corpo, mas também pela vida da fé, que garantirá a vida eterna, na plenitude de Deus.

Daí a necessidade de pautarem “as razões do nosso viver”. Busquem, sim, novos meios de comunicação, não restritos aos que a tecnologia oferece. Não. Uma palavra edificante, um bom exemplo, uma conduta austera também são meios de se comunicar. Mas comunicar o que com isso? Comunicar o que Deus quer de todos nós, que estejamos com Ele e vivamos nEle. Que de forma? Na vivência das práticas cristãs, na participação das celebrações litúrgicas e, principalmente, na freqüência da Sagrada Comunhão, desde que devidamente preparados pelo sacramento da Penitência.

Permitam-me, meus caros jovens, esperança de toda humanidade, lembrar-vos que tendes muito a “aprender de Cristo” (Ef 4,20), na observância de seu estado de vida, na prática da oração, na meditação da Sagrada Escritura e da vasta bibliografia que a Igreja nos apresenta para a formação cristã e meditação dos Mistérios da Redenção, tornando, assim, cada um, discípulo de Cristo, missionários leigos – alguns chamados ao sacerdórcio, quem sabe – para a restauração de um mundo que vai sendo minado por um espírito de neopaganismo. Tendes mil razões para viver, para testemunharem a grandeza de Deus, para fazer-vos ardorosos combatentes do Reino de Deus. E, como o Papa Bento XVI, asseguro-vos: “Correr este risco, dar este salto por assim dizer de forma definitiva, e deste modo acolher plenamente a vida: isto é algo que me sentiria feliz por transmitir” (Entrevista em Castelgandolfo, 05/08/2006).

Ao oferecer minhas orações para o êxito dos encontros que se realizarão, especialmente em nossa Arquidiocese, no Dia Nacional da Juventude, deixo aos participantes e àqueles que, de alguma forma, estarão unidos a essa comemoração, uma regra de vida que o Santo Padre vos oferece, para que a vivam em Cristo:

1 – Conversar com Deus.

2 – Contar-lhe as penas e alegrias.

3 – Não desconfiar de Cristo.

4 – Estar alegres: querer ser santos.

5 – Deus: tema de conversa com os amigos.

6 – No domingo, ir à Missa.

7 – Demonstrar que Deus não é triste.

8 – Conhecer a fé.

9 – Ajudar: ser útil.

10 – Ler a Bíblia.

Desta forma, estareis prontos, meus jovens, para os desafios do mundo moderno e capacitados para comunicar a Boa Nova de Jesus. Na participação da Sagrada Eucaristia vos sentireis nutridos contra as enfermidades que tentarão, debalde, privar-vos da graça e alimentados espiritualmente para seguir o vosso caminho, fazendo-vos, pela vida, pela conduta, pelas palavras, pelo bom exemplo, também instrumentos da comunicação de Deus aos homens.

Confiantes na intercessão de Maria Santíssima, a Virgem do Silêncio que acompanha nossos passos e nos indica as sendas que nos levam ao seu filho Jesus, continuai vosso peregrinar. “E se Jesus vos chama, não tenhais medo de responder-lhe com generosidade, especialmente quando vos propõe segui-lo na vida consagrada ou na vida sacerdotal. Não tenhais medo; confiai n’Ele e não ficareis decepcionados”, é a voz do Doce Cristo na Terra que vos dedico ao encerrar este ardoroso desejo de frutuoso Dia Nacional da Juventude.



 
 
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