Perspectivas do Sínodo da Palavra |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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À voz do Papa Bento XVI, bispos dos cinco continentes, padres, assistentes e convidados especiais se encontram reunidos em Roma, para o 12º Sínodo dos Bispos. De origens remotas, desde os primeiros séculos da Igreja, foi reavivado após o Concílio Vaticano II, como uma forma de reafirmar a colegialidade do Papa e dos Bispos. Este é o segundo presidido por Bento XVI, tendo sido o primeiro, em 2005, logo após sua eleição para o Trono de Pedro, sobre a Sagrada Eucaristia. Uma peculiaridade inaugurada naquela vez foram os momentos de discussão livre entre os participantes, a fim de que aquela reunião se tornasse “um verdadeiro instrumento de consulta e colaboração entre os bispos”.
Assim, iniciou-se, dia 5 de outubro, o 12º Sínodo dos Bispos que tem como tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. Quanta cousa encerra a proposta do Santo Padre! Quão vasto é esse campo de trabalho! É Pedro chamando seus irmãos no episcopado para conhecer melhor as diversas realidades culturais que tanto influenciam a fé e, a partir daí, discutir e elaborar novos “métodos” que permitam um trabalho de evangelização mais abrangente e que se faça compreender, sob vários aspectos, a Revelação Divina – seja pelas Sagradas Escrituras, seja pela Tradição, pelo Magistério da Igreja. É a força da palavra que expressa os desígnios de Deus para os homens.
Em 1943, o Papa Pio XII deu à cristandade a bela encíclica “Divino Afflante Spiritu”. Em suas letras, o Pastor Angelicus resgatava a importância dos estudos bíblicos e orientava os católicos na busca da leitura e da vivência mais ardorosa da Palavra. Anos depois, dentre as propostas do aggiornamento que o Concílio apresentava, estava o de uma renovação por meio, também, das Sagradas Escrituras. Era a Revelação norteando aquele momento de renovação na graça de Deus, instruídos pelo Espírito Santo. Desde então, a influência da Palavra na vida da Igreja avançou os meios clericais e intelectuais e penetrou até os grupos mais simples. Desde o Sínodo dos Bispos até os pequenos grupos de reflexão reunidos nas periferias das grandes cidades, ergue-se o Altar da Palavra, onde Deus também se nos manifesta, um novo Pentecoste.
Os trabalhos de preparação do Sínodo já nos expuseram valiosos pontos a serem abordados, como a importância da palavra como um alimento diário para o cristão, a lectio divina que, desde os tempos primitivos da Igreja, tem uma importância ímpar na formação espiritual. Mas essa leitura deverá ser guiada pela curiosidade humana, ou uma mera busca de conhecimento da História Sagrada. Mas buscando compreender a vontade de Deus para o seu povo. Aliás, a reflexão sobre este tema é proposital. Enquanto no último Sínodo meditou-se sobre a Eucaristia, agora a Igreja se dedica a esse complemento necessário à nossa espiritualidade.
Enquanto aguardamos o término dos trabalhos, dia 26 de outubro, devem os católicos estar em constante oração pelo êxito do Sínodo. Em comunhão de intenções, estaremos intercedendo a Nosso Senhor para que as propostas que serão apresentadas ao Santo Padre ao final dos trabalhos, estejam ungidas pela graça do Espírito Santo, que assiste sempre o Colégio Apostólico. Nessa oração conjunta, peçamos, ainda, a intercessão de Maria Santíssima para que abrande a rigidez dos corações empedernidos que não se permitiram serem seduzidos pela Palavra de Deus. Enfim, para que, cada vez mais, o comprometimento dos cristãos acentue-se cada vez mais, reafirmando o seu batismo e comprometendo-se nessa obra grandiosa de guiar todos, à luz da Palavra, à salvação, a Deus.
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