Jornada Mundial da Juventude. |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Do próximo dia 15 até o dia 21, ocorrerá a XXIII Jornada Mundial da Juventude, um acontecimento revelador da vitalidade missionária da Igreja. Há 23 anos, o saudoso Papa João Paulo II, consciente da grande potencial da juventude, convocou a primeira jornada, visando a evangelização e catequese da Igreja do futuro e confiado no entusiasmo dos jovens para assumirem a missão.
O tema das duas últimas jornadas foi a ação do Espírito Santo. Em 2006, o Espírito Santo é o Espírito da Verdade. No ano passado, o Espírito de Amor. Para o próximo encontro, diz o Papa Bento XVI em sua mensagem, “o fio condutor da preparação espiritual é o Espírito Santo e a missão.”
A reflexão de 2006 nos fazia refletir sobre a força do Espírito que nos ensina toda a Verdade, segundo nos falou o Mestre diante de tristeza dos discípulos, quando anunciou sua partida. É o Espírito de amor que une, na essência, as três Pessoas Trinitárias e inflama nossos corações no amor de Deus.
Renovado pela Verdade e pelo amor, o cristão recebe do mesmo Espírito a fortaleza para viver a fé e testemunhá-la, a audácia para proclamá-la.
No Documento de Aparecida, a Igreja latino-americana, igualmente, nos convoca para o discipulado e para a missão. Quando se fala em discipulado, se pensa em aprendizado. Na vida de cristãos, devemos nos conformar com a vida de Cristo e essa conformação se faz pela ação do Espírito Santo que nos santifica na verdade. O apostolado e a missão é a decorrência natural de quem tem a vida cheia do Espírito Santo.
O saudoso Pontífice Paulo VI, na Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” nos ensina que a fecundidade apostólica e missionária não é fruto de grandes planejamentos senão de uma vida de oração, sobretudo oração comunitária. Como discípulos, temos de acompanhar o Senhor Jesus quando, após a jornada apostólica, recolhia-se em oração com os seus discípulos. Na oração encontraremos a força do Espírito que nos incentivará à missão e nos dará a sabedoria para conquistar os corações.
Após a morte do Senhor e de sua ressurreição, os discípulos se reuniram no cenáculo em oração com a Virgem Maria. Eles, antes tão tímidos e acanhados, ficaram repletos do Espírito Santo e sua voz ecoou pelo universo através dos tempos, que ainda podemos ouvi-la e transmitir ao mundo sua mensagem de paz e salvação.
A Juventude é, por natureza, a idade da expansão. É quando a consciência desperta para a potencialidade do homem e da mulher para transformar o mundo. O jovem não se conforma com a mediocridade e com o “status quo”, com uma situação estática, parada, que lhe é apresentada como imutável. Tem ânsia de crescer, de transformar.
A evangelização dos jovens assume, portanto, importância fundamental na busca de uma sociedade mais justa, na verdade e no amor. Eles projetam a mensagem evangélica para o futuro. Têm coragem de enfrentar os obstáculos. São dispostos ao heroísmo.
A jornada, neste ano, ocorre na Austrália. Quando, em 1606, ali aportou, em nome da Espanha, o navegador português, Fernando Quiros, denominou-a Terra Austral do Espírito Santo. No texto preparado para a liturgia da missa para a Jornada, na introdução, publicado no site do Vaticano, o Santo Padre faz menção do acontecimento e ainda de que, antes, nas brumas do paganismo, os aborígenes tinham em estima os valores espirituais da vida: a terra e as águas eram sagradas, formada pelo Poder do Grande Espírito.
Realizando naquelas regiões o XXIII Encontro da Jornada da Juventude, a Igreja atesta para os jovens a força do Espírito de Deus, que no princípio pairava sobre as águas e no Dia de Pentecostes renovou a face da terra.
Recebemos, todos, pelos que preparam para receber os sacramentos da iniciação cristã, o batismo e o santo crisma, a presença do Espírito em nós, na Trindade Santíssima. Pela Eucaristia nutrimos no mesmo Espírito a força transformadora do mundo, o Espírito de Cristo Ressuscitado, Senhor da História, cujo sangue lavou o pecado do mundo.
Ainda na acolhida da missa que será rezada na Jornada, o Santo Padre, lembrando o passado da evangelização, face a secularização moderna, conclama a Juventude a ser transformadora do mundo.
A modernização, a tecnologia e o desenvolvimento são valores que não podem se divorciar da fé, sob pena de conduzir a humanidade à desgraça. São valores reais que não podem perder sua conotação com o Evangelho, onde encontram suas raízes. Ao cristão, sobretudo aos jovens, cabe mostrar a riqueza do Espírito que neles se contém.
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