A Igreja de Deus em Juiz de Fora |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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Terminadas as Festas Natalinas, entramos no ritmo comum da nossa vida que, na Igreja, se denomina “Tempo Comum”, e que é interrompido e animado por um período penitencial, a quaresma, em preparação para a Páscoa, que é o centro de nossa vida cristã, a Luz que deve sempre brilhar na nossa caminhada.
Não andamos ao léu. Temos um rumo certo, pessoal e coletivo: o Cristo que nasceu em nosso coração e que despertou os povos imersos nas trevas, como fala Isaias:”Um povo que jazia nas trevas viu uma grande luz” (Cf. Is.9, 1-43). A bota do opressor deve ser eliminada e as armas de guerra transformadas em instrumentos do progresso e da paz.
Esta é a nossa missão. Para incrementá-la e vivê-la, para viver o nosso batismo, o Pai Celeste, por seu Filho e no Espírito Santo, deu-nos a Igreja, aonde devem acorrer todos os que se abrem à salvação.
Na realidade humana e terrena, todo o trabalho tem de ser planejado para que, seguido, tenha êxito. Não há dúvida que “O Espírito sopra onde quer” e que Ele nos assiste, segundo a promessa de Cristo. Mas, ensina São Paulo, é necessária a nossa colaboração. Deus não prescinde do homem, da sua inteligência e capacidade para levar à frente o seu plano de amor.
Há necessidade de se fixarem objetivos imediatos e planos para realizá-los. Força e vontade para executá-los, sabendo-se, contudo, que a seiva que anima e vivifica vem de Deus. Sem Ele nada podemos fazer.
Por isso, no início deste ano, agradecendo a Deus o dom que nos deu, da realização da V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, em Carta Pastoral dirigida ao Povo de Deus desta Arquidiocese, incentivamos para uma ação pastoral inspirada e orientada pelo documento desta V Assembléia.
Assim escrevi: “...uma palavra de especial estímulo, que marque profundamente a nossa vida e a vida da nossa Igreja Particular de Juiz de Fora, comprometendo-nos para assumir conscientemente nosso batismo...”, para sermos verdadeiros discípulos e missionários para que “todos em Cristo tenham vida”.
Duas são, portanto, as chaves da Pastoral da Arquidiocese: o discipulado e a missão.
Se devemos levar a fé, a luz salvadora aos povos, em primeiro lugar devemos aprender de Cristo, deixar-nos iluminar por Ele, pela sua graça. Ninguém pode dar o que não tem, traduzindo o aforisma latino. Isaías, descrevendo Servo de Javé nos fala que, cada manhã, ele abre seus ouvidos, como um discípulo (Cf. Is. 50,4).
Sentindo a riqueza deste amor divino em nossos corações, não podemos deixar que ele não se expanda. “Assim brilhe vossa luz diante dos homens para que vejam vossas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Cf. Mt.5,16).
A missão é o outro objetivo de nossa ação pastoral. Nossas paróquias, organismos arquidiocesanos, as pequenas comunidades, o presbitério, religiosos e leigos devem estar imbuídos deste espírito: a missão. Escrevi:” queremos contar com o entusiasmo de todos os que se arrojam por águas mais profundas.”
Em mutirão missionário que deve se estender por todo o ano, cada equipe planeje o trabalho dentro de sua espiritualidade e carisma próprios, unificados numa ação conjunta da Arquidiocese em comunhão com a Igreja, especialmente a que está na área geográfica da América Latina e do Caribe.
Sob a coordenação da Pastoral da Arquidiocese, este ano deve ser um marco de nossa vivência batismal e de nossa vocação missionária que se estende por toda a nossa vida.
O Tempo comum é o tempo de nossa vida. A Igreja nos alimenta coma Palavra e a Eucaristia no dia a dia. Deixemo-nos animar e jamais percamos o élan de incendiarmos o mundo com o amor de Deus: “Em vim trazer o fogo sobre a terra e que desejo senão que ela se incendeie” (Cf. Lc. 12,49)
Aprendamos, humildemente, a ser discípulos e sejamos missionários.
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