Louvado seja o Santíssimo Sacramento! |
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG. |
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É pouco conhecida a história
dos mártires do Rio Grande do Norte. E também
pouco difundida. Mas é uma glória para nossa Pátria.
Sabemos que não precisam de um processo de canonização
oficial aqueles que derramam seu sangue pela fé.
Quando da invasão holandesa, a heresia protestante dominava
os invasores. Incitados por eles, também os índios
com eles abruptamente irromperam numa igreja, onde se adorava
o Santíssimo Sacramento e trucidaram os fiéis,
que morreram atestando sua fé proclamando: “Louvado
seja o Santíssimo Sacramento!”
Os tempos se passaram e hoje podemos dizer que também
devemos muito aos holandeses que posteriormente aqui vieram,
como missionários, confirmando-nos na fé.
E na festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, nessa
última quinta-feira, vemos um desses missionários,
o Pe. Eustáquio, ser elevado à glória dos
altares. No “Mineirão”, em Belo Horizonte,
um dos campos de seu apostolado, na celebração
da “Torcida de Deus”, a Igreja o declara bem-aventurado.
Louvado seja o Santíssimo Sacramento!
Ao anunciar o mistério eucarístico, narra-nos
o Evangelho de São João, que muitos discípulos
voltaram atrás e não andavam mais com ele. Mas,
tal era a firmeza das palavras de Jesus, que ele exigiu de seus
apóstolos a confissão da fé: ”Não
quereis também vós partir?” Foi quando Pedro,
em nome de todos, professou, com humildade e firmeza: “Senhor
a que iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos
e reconhecemos que tu és o Santo de Deus.” (Cf.
Jo. 6,67-69).
Jesus tinha acabado de afirmar na Sinagoga de Cafarnaum, logo
após o milagre da multiplicação dos pães,
que ele era o pão vivo que descera do céu e que
dá vida ao mundo. Este pão verdadeiro fora prefigurado
no maná que alimentara os nossos pais no deserto, mas,
diferente dele, este pão nos dá a vida eterna.
O realismo das palavras de Cristo, choca-se com os nossos sentidos:
“O pão que eu vos der é minha carne para
a vida do mundo...Se não comerdes a carne do Filho do
Homem e não beberdes o seu sangue não tereis a
vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia.”(Cf.
Jo.6, 51-53)
Na véspera de sua Morte e com ela fazendo um todo a triunfar
na Ressurreição, como nos ensina o saudoso Pontífice
João Paulo II (Cf. Ecclesia de Eucharistia), Cristo realiza
esse mistério que nos manda renovar até que ele
venha.
Fiel à ordem de Jesus, a Igreja, do nascer ao por do
sol, como rezamos na Oração Eucarística,
celebra este memorial, não como uma história,
mas na realidade mística da Páscoa sempre atual
em que o verdadeiro Cordeiro é imolado para a salvação
do mundo.
Pelas palavras do sacerdote e em suas mãos, o pão
deixa de ser pão e o vinho deixa de ser vinho para se
transubstanciarem no corpo e sangue do Senhor.
Da Eucaristia vivemos, da Eucaristia vive a Igreja ainda nas
vicissitudes da terra, mas já prelibando o banquete celeste.
Por isso na missa está presente toda a Igreja, os santos
do céu, os fiéis da terra e os que ainda aguardam
a visão beatífica, todos juntos proclamamos, “por
Cristo, com Cristo e em Cristo” todo o louvor glória
à Trindade Santíssima.
Ó maravilha do amor de Deus, que tendo nos amado “amou-nos
até o fim”(Cf. Jo.13, 1).É o amor na sua
forma mais radical, fala-nos o Papa Bento XVI, na Encíclica
sobre o amor – “Deus charitas est”: ”Na
morte de cruz, (perenizado misticamente na Eucaristia),cumpre-se
aquele virar-se de Deus contra si mesmo, com o qual ele se entrega
ao homem para salvá-lo”(13).
Que saibamos reconhecer esta misericórdia divina. Com
devoção e amor adoremos o Santíssimo Sacramento
e, com os nossos compatriotas que derramaram seus sangue por
esta fé, proclamemos; “Louvado seja o Santíssimo
Sacramento!
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