Inspiração bíblica

Tal como a Revelação, também a Inspiração Bíblica já acabou. O que ilumina a Igreja em prosseguimento à Obra de Cristo (Jo 20,21) é uma especial Assistência do Espírito Santo, e não se confunde com a Inspiração Bíblica, como a própria Igreja define e explica:

"A verdade divinamente revelada, que os livros da Sagrada Escritura contêm e apresentam, (...). ...escritos sob a Inspiração do Espírito Santo (cf. Jo 20,31; 1 Tm 3,16; 2 Pe 1,19-21; 3,15-16), eles têm Deus por autor e nesta qualidade foram confiados à Igreja. Para escrever os Livros Sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens, na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele próprio queria" ("Dei Verbum" n.º 11; Catecismo. da Igreja Católica n.º 105/106).

"Por isso, a pregação apostólica, que é expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se por uma sucessão contínua até a consumação dos tempos. (...). Esta Tradição, oriunda dos Apóstolos, progride na Igreja sob a Assistência do Espírito Santo..." (Constituição 'Dei Verbum', Conc. Vat. II, n.º 8).

O que não se deve perder de mira é que tanto a Revelação como a Inspiração foram dons ou carismas especiais de Deus para a confecção da Sagrada Escritura, e isto se deu quando dos originais, não se estendendo às traduções, aos comentários ou mesmo à exegese. Por isso, a missão da Igreja de interprete única, por causa daquele já mencionado "depósito" (da fé) que lhe é pertinente:

"O 'depósito' (1 Tm 6,20; 2 Tm 1,12-14) da fé ("depositum fidei"), contido na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura, foi confiado pelos Apóstolos à totalidade da Igreja. 'Apoiando-se nele, o Povo Santo todo, unido a seus Pastores, persevera continuamente na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na Fração do Pão e nas Orações, de sorte que na conservação, no exercício e na profissão da fé transmitida, se crie uma singular unidade de espírito entre os bispos e os fiéis.' (cfr. Catecismo 84)

'O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo' ("Dei Verbum", 10), isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma" (idem 85).

Pode-se desde já perceber a importância da Tradição, que é a transmissão das verdades reveladas pelos Apóstolos a seus sucessores, no que se estrutura o Magistério da Igreja.