Liturgia Dominical
 
Santa Maria, Mãe de Deus e dos homens
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
 
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"Salve, ó Santa Mãe de Deus, vós destes à luz o rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos" (cf. Sedúlio)

Meus queridos Irmãos,

A Solenidade de Hoje é muito antiga dentro da Tradição Litúrgica da Igreja Católica. Remonta ao Concílio Ecumênico de Éfeso, que foi realizado nesta cidade no ano de 431 da era cristã, em que a Igreja concedeu a Virgem Maria o Título de “Mãe de Deus”. Se Maria é Mãe de Deus, também por ser por obra e graça do Espírito Santo Mãe de Cristo, ela também é Mãe de todos os viventes, de todos os homens e de todas as mulheres.

Maria, pela celebração de hoje, está inscrita no livro da vida eterna. Está inserida no projeto de salvação e também se reafirma que Jesus Cristo é o verdadeiro Filho de Deus encarnado em Maria. Professar a Maternidade de Nossa Senhora no início do novo ano civil, em que todos nós nos prostramos reverentemente aos pés da Virgem da Esperança, para que Ela interceda junto ao seu Filho Redentor da Humanidade pela nossa sofrida humanidade que precisa, nas palavras de Bento XVI, aprender na escola da paz e da fraternidade.

Irmãos e Irmãs,

A Missa de Hoje é uma homenagem a Virgem Maria. Rezemos a oração mais singela, a oração mais santa das santas, a oração que mais toca a humanidade e que hoje vai nos iluminar, vai acompanhar conosco a nossa reflexão. Quantas não foram às mãos santas que dedilharam esta oração pavimentando as portas do céu? Quantas bocas não abriram a grande garganta do céu com a oração que agora, uníssonos rezemos: “Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois Vós entre as Mulheres e Bendito o fruto de seu ventre Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da morte Amém!”.

Assim mesmo, repitamos: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da morte Amém!”. Da Maternidade divina de Maria brotam, meus caros irmãos, todos os outros privilégios da Bem Aventurada Virgem Maria. Deus escolheu e preferiu que Jesus nascesse de uma Mulher, e esta mulher escolhida foi a Virgem Maria, mulher como todas as mulheres de seu tempo. Mulher pobre. Dona de casa. Mulher de origem humilde, mas profundamente temente ao Senhor da Vida e da História. Mulher da paz. Mulher do silêncio! Mulher que soube entender e executar o projeto de Salvação do seu santíssimo Filho.

Jesus de Nazaré, nascido de Maria, é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por isso pontifica a sagrada liturgia das horas do dia de hoje: “Mistério Admirável é hoje anunciado! Eis que tudo se renova! Fez-se homem o próprio Deus! Conservando a divindade, assumiu a humanidade!”.

Maria assume a humanidade e a divindade de Jesus como sua mãe por completo. Maria é a Mãe das duas naturezas de Jesus: Jesus-Homem e Jesus-Deus.

Em tudo Jesus assumiu a condição humana, exceto no pecado. Daí a maternidade divina de Maria é um dogma de fé, proclamado solenemente pelo Concílio de Éfeso.

Meus caros Irmãos,

Jesus, desde antes de sua encarnação já era Deus, por isso é consubstancial ao Pai. Porque então Jesus encarnou-se na Virgem Maria? Jesus encarnou-se na Virgem Maria para redimir a humanidade, para reatar os laços de comunhão das criaturas com o Criador que foi ferido pelo pecado de Adão e de Eva. Jesus se encarnou especificamente para ser o redentor das criaturas, criando pela sua paixão, morte e ressurreição uma vida nova, a vida em Deus, a vida eterna.

O mistério da encarnação e do Natal vai permear todo o ano. Assim hoje celebramos a festa da protagonista da redenção que é a Bem Aventurada Virgem Maria.

Maria a grande Mulher porque especificamente foi a Mãe do Filho de Deus!  Maria que foi a grande protagonista do novo tempo em que vivemos com o Natal, onde se uniu Deus à Virgem-Mãe, Mãe e Filho passam a ser a encarnação da benevolência e da benção do Senhor Eterno.

Meus Irmãos,

Junto com a Maternidade de Deus hoje é um dia de ação de graças. Vamos olhar para o ano que passou e agradecer a Deus as alegrias e as tristezas, as conquistas e as perdas, dar um grande HINO DE TE DEUM AO SENHOR DA HISTÓRIA. Vamos aproveitar da página que se vira da nossa história pessoal às alegrias. Vamos tirar proveito dos momentos de sofrimento que nos converteram e vamos suplicar pelo ano civil de 2013 que se inicia. Um ano que se inicia com Deus, por Deus e para Deus. Vamos pedir a Deus, por intermédio da Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, as bênçãos do Céu que desçam como orvalho pela terra, pelas nossas intenções.

Qual é o sentido que tem o ano novo para cada um de vocês que hoje conosco rezam? Mais uma festinha? Ou até uma farra? Um costume social? Uma ocasião para demonstrar seu carinho para com os amigos, trocar votos de paz e de felicidade, injetar um pouco de otimismo em si mesmo e nos outros?

Para nós que somos cristãos o novo ano litúrgico já se iniciou no primeiro domingo do Advento, ou seja, há um mês atrás. Celebrar o primeiro de janeiro é celebrar a Virgem Maria e é celebrar a paz, paz que todos nós precisamos.Através do nascimento maravilhoso, Maria deu Jesus à humanidade como um presente de Deus no seio de um povo com leis e costumes, povo sobre o qual Deus faz brilhar sua face e o nome de Jesus traz a benção do Senhor Deus, o Senhor que salva, este é o nome que doravante será invocado sobre a humanidade.

Peçamos, pois, como livro dos Números que foi a primeira leitura de hoje(cf. Nm 6,22-27), a benção de Deus sobre todos nós durante o ano civil que se inicia. Benção transmitida pelos sacerdotes do templo de Jerusalém. Maria nos transmite uma benção maior, da parte de Deus: o seu Filho, Jesus. Os nossos votos de paz e benção, neste dia, devem ser a extensão desta benção que é Jesus em nossas vidas, e que Maria fez chegar até nós. Por isso rezemos com os profetas da Antiga Aliança: “Que o Senhor te abençoe e te guarde! Que o Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! Que o Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a sua paz!”(cf. Nm 6, 24-26).

Esta benção que hoje nos vem de Jesus, o Redentor e Divino Infante, que nos abençoa com toda a sorte de Bênçãos do Céu; do Senhor Jesus que nos tem guardado com a sua santa proteção; com Jesus que pelo seu Natal fez e faz brilhar sobre nós a sua face, se compadecendo de cada um de nós e nos dando a paz! Paz que vem de Deus para os homens, santos e pecadores, que pela simples presença amorosa de Deus caminham para a vida de santidade e vida de graça e de paz. Todos sabem que o Filho nunca deixa de atender o pedido feito pela sua mãe. Já diziam os latinos que “Ad Jesum per Maria”, ou seja, “A Jesus por Maria!” Peçamos a Virgem Maria que com Ela e por Ela, imitando sua vida e sua missão, poderemos todos chegar a Jesus iniciando um novo ano da graça em nome do único que em tudo poderemos: Jesus Cristo. A Ele, pelos séculos dos séculos, a honra, a glória e paz, nos céus, nas terras e sobre os homens, levando a todas a boa vontade e a caridade que Dele provém! Assim seja! Amém! Aleluia!

Caros irmãos,
           
A segunda Leitura de hoje é tirada da carta aos Gálatas(cf. Gl. 4,4-7). Galátas é a carta da liberdade cristã. Cristo veio para nos tornar livres, veio “sob a lei” passageira do Antigo Testamento, para nos libertar dela. O Filho de Deus tornou-se nosso irmão, nele temos o Espírito do Pai. Comemorando esta vinda de Cristo, pensamos especialmente na “mulher” que o integrou em nossa comunidade, Maria Santíssima.

Maria, a “Theotokos”, não podemos esquecer de mencionar no dia de hoje. A participação de Maria na salvação recebeu como a mais alta qualificação possível e pensável: ser Mãe de Deus. Aos olhos dos judeus monoteístas e até de certos cristãos, este título soa idolátrico, pois Deus não tem mãe. Mas Deus escolheu uma mãe como cooperadora na obra salvífica. Santificou também a maternidade, quando seu filho assumiu a existência humana. A maternidade é uma realidade que é íntima a Deus, que a experimentou, em Jesus Cristo. Também a maternidade é “capax Dei” – prenhe de Deus. Claro, para aceitar essa condição, devemos talvez modificar o nosso conceito de Deus. Mas podemos ter certeza; ele é tão grande, que conhece também o mistério da maternidade virginal de Maria, e por dentro!

Junto com esta Solenidade, por vontade do Venerável Papa Paulo VI, se comemora o Dia Mundial da Paz, que tem como tema: “Bem-aventurados os obreiros da paz”  em que o Papa Bento XVI pede “um renovado e concorde empenho na busca do bem comum, do desenvolvimento de todo o homem e do homem todo”. A realidade do nosso tempo, afirma o Papa Bento XVI, é caracterizada ainda por sangrentos conflitos e por ameaças de guerra: “Causam apreensão os focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado. Além de variadas formas de terrorismo e criminalidade internacional, põem em perigo a paz aqueles fundamentalismos e fanatismos que distorcem a verdadeira natureza da religião”. Mesmo assim, analisa o Papa, o mundo é rico de inúmeras obras de paz, porque o homem, na verdade, é feito para a paz, que é dom de Deus. Dividida em sete pontos, a Mensagem de Bento XVI se inspirou nas palavras de Jesus Cristo: «Bem--aventurados os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9). Para nos tornarmos autênticos agentes de paz, escreve o Papa, são fundamentais a atenção à dimensão transcendente e o diálogo constante com Deus: “Assim o homem pode vencer aquele germe de obscurecimento e negação da paz que é o pecado em todas as suas formas: egoísmo e violência, avidez e desejo de poder e domínio, intolerância, ódio e estruturas injustas”. Neste contexto, o Pontífice recorda a oração com que se pede a Deus para fazer de nós instrumentos da sua paz, a fim de levar o seu amor onde há ódio, o seu perdão onde há ofensa, a verdadeira fé onde há dúvida.

Feliz ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2013 e que Deus, por intercessão de Maria, Rainha da Paz, nos dê saúde e paz para continuar nossa caminhada de Igreja que Crê e anuncia a Paz que vem do Deus da vida: JESUS O DEUS CONOSCO!

Assim seja!

 
 

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