Liturgia Dominical
 
33º Domingo do Tempo Comum - B
 
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"Meus pensamentos são de paz e não de aflição, diz o Senhor. Vós me invocareis, e hei de escutar-vos, e vos trarei de vosso cativeiro, de onde estiverdes". (cf. Jr. 29, 11s.14).

Meus queridos Irmãos,

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Estamos adentrando no último quartel do ano litúrgico. No domingo próximo celebraremos a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Na semana seguinte, depois das comemorações alusivas ao Senhorio do Redentor do gênero humano, iniciamos o tempo especial de preparação do Advento na doce e festiva esperança do Nascimento do Salvador, o Menino Jesus.

Por isso mesmo a liturgia de hoje é permeada de gostinho de céu, de gostinho das bem-aventuranças eternas. Refletimos hoje sobre a realidade eterna, sobre o céu, sobre as bem-aventuranças. Por isso podemos cantar como o Senhor nos ensinou na oração universal: “Vivendo de esperança, aguardamos a vinda gloriosa do Cristo Salvador!”  Jesus volta ao mundo para coroar de êxito toda a esperança humana, toda a esperança nesta nossa caminhada de fé e de graça. Nada de fim de mundo, mas de início de uma nova vida, a vida eterna, a vida na graça, a vida que brota da própria vida que é Jesus, o Senhor.

Para muitos que não tem fé a morte é o fim, conforme refletimos na festa de finados. Mas, para os cristãos a morte é permeada de sentido eterno, de sentido de salvação, de sentido escatológico, de uma visão beatífica junto de Deus. Todos nós morremos um pouco diariamente: morremos para o pecado, morremos para a auto-suficiência, morremos para o consumismo, morremos para a vaidade, e renascemos para a graça, renascemos para a santidade, renascemos para a vida nova, renascemos para a vida de comunidade, para a vida da misericórdia aonde procuramos a vida de comunhão na Santíssima Trindade. O cristão não espera uma coisa determinada. O cristão espera por uma pessoa determinada, com nome e sobrenome: JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO, e REI DE NOSSA VIDA. A morte é um acontecimento pessoal, entre duas pessoas: nós e o Cristo, que nos vem ao encontro para fazer conosco uma comunhão. O fim do homem não é a morte e o nada, mas Jesus Cristo, em direção de quem crescemos ao longo da vida. No momento do encontro, une-se nossos destinos, identifica-se nossa história. Nele, o “Vivente”(Cf Ap 1,18), viveremos para sempre.

Estimados irmãos,

Jesus está em Jerusalém(cf. Mc. 13,24-32). Lá ele pronunciará o chamado Discurso Escatológico, ou seja, o discurso que trata das coisas após a morte. Usando um estilo apocalíptico Jesus retoma suas grandes lições para a vida da comunidade no presente e seu caminhar para o amanhã. Nos ensinamentos de Jesus, muitas vezes presente e futuro se confundem. A história da salvação é um projeto que vai se realizando. Por isso é sempre alguma coisa a vir e, ao mesmo tempo, alguma coisa que está acontecendo e nos envolve e nos anima.

A segunda vinda de Jesus é chamada de Parusia, ou seja, de chegada. Jesus retornará repleto de seu resplendor e cheio de autoridade para julgar os vivos e os mortos. Será o Rei da Justiça e o Pai da Misericórdia, sendo estes o seu código de julgamento: “a salus animarum”, como cantou o autor eclesiástico das letras canônicas, ou seja, o homem que defenderá a salvação das almas. Aqueles que construíram em vida um caminhar repleto de misericórdia e de justiça, vivendo na graça de Deus, cumprindo os seus mandamentos, sendo caridoso, cumprindo com as prescrições de uma vida santa e coerente, este poderá entrar no regaço do Senhor, vem bendito do meu Pai ocupar o lugar que vos foi preparado.

O Santo Evangelho de hoje realça exatamente esta segunda vinda de Cristo: esperança, desapego e boas obras são a senha para uma vida digna de ser aquinhoado com a vida eterna. Para o doce encontro com o Senhor Ressuscitado é mister ficar desapegado de tudo, destruir, ao longo da vida, o templo em que adoramos os nossos ídolos, que impedem de todo ver ou impedem de ver com limpidez e candura a face amorosa de Deus. Cultivamos nossos ídolos como se fossem sagrados, por isso mesmo levam o nome de ídolos. Quantas vezes damos maior importância a nossa casa, ao nosso carro, ao nosso celular, ao nosso computador, a nossa roupa ou ao nosso passeio? Quantas vezes estes bens transitórios são mais importantes do que os bens eternos que repousam e residem em Jesus Cristo e na sua Santa Igreja Católica? Jesus alude a destruição do Templo, efetivamente ocorrida no ano 70,  não para falar do templo estrutura construída por mãos humanas, mas para realçar o seu templo que foi destruído com a morte e reerguido com a vitória sobre a morte com a ressurreição ao terceiro dia.

Amados Irmãos,

Jesus é a porta da vida eterna: esse é um encontro que nenhum de nós poderá fugir. É um encontro inexorável. “O céu e a terra passarão, minhas palavras não passarão”.(Mc 13,31) A primeira Leitura(Dn 12,1-3) nos conta como os apocalípticos antes de Jesus imaginavam os últimos dias. Os justos ressuscitarão para a vida eterna, os impôs para a vergonha sem fim. A realidade decisiva não é aquela que se mostra aos nossos olhos. A nossa ressurreição, entretanto, já começou na medida em que nossa vida está toda unida à de Cristo, que ressuscitou pela salvação de nossos pecados. A vida que dura não é a das células do corpo, mas a da comunhão em Deus. A ressurreição de Jesus é a amostra segura dessa vida: quem segue Jesus, já está encaminhado para essa vida que não tem limite, por ser a vida de Deus mesmo. Jesus não perde a validade. Observando sua palavra e vivendo sua prática de vida já estamos vivendo a vida sem fim que se manifestou na ressurreição de Jesus.

Assim, depois que cada ser humano tiver participado da sorte de Cristo, tiver enfrentado as provações, perseverado no bem e vivido o mandamento do amor, será o fim. A realidade última manifestar-se-á diante de todos. Os justos receberão a recompensa e os que não tiverem acolhido o dom de Deus, serão confundidos para sempre. A recompensa, a comunhão feliz com Deus e o próximo para sempre é chamado céu. A confusão eterna é chamada de inferno, que consiste na eterna carência do amor de Deus e ao próximo.

Caros irmãos,

O sacrifício de Cristo capacitou-nos para servir a Deus com uma consciência pura. Este sacrifício distingue-se dos do Antigo Testamento por sua validade universal: uma vez para sempre. Não precisa ser repetido. Também não existe consumação além daquela que Cristo operou. a ordem nova suplantou a antiga, mas já não haverá outra depois desta. Só resta seguirmos o Cristo até o fim.

Étempo de mudança e de conversão: cada qual escolha a sua sentença: a condenação eterna ou a vida em Deus. Assista-nos a Virgem da Esperança e Santo Antônio no nosso caminho de santificação, Amém!

 
 

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