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Quem salva a igreja?
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
 
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Tendo assento entre os membros do Conselho Permanente da CNBB, tive acesso a informações sobre a situação da pastoral dos nômades e das populações em movimento.

A par do muito que se faz, dos hercúleos  esforços de algumas pessoas, e do grande espírito de perseverança de vários agentes, chega-se à conclusão de que isso tudo é uma gota d´água diante do oceano de coisas a fazer. E, pior ainda, aparentemente sem solução. Tudo isso dá um sentimento de falta de poder diante desse grande desafio. Falta-nos dinheiro, número suficiente de agentes, e também organização. 

E não se trata apenas da fraqueza do pequeno grupo de Padres e Diáconos que estão envolvidos. As hostes de Leigos não conseguem entrar “em ordem de batalha”.  Então ergui os olhos para mais longe. E vi que os sintomas de anemia também estão presentes na Catequese, na atividade missionária, no dízimo, na formação de líderes...Vou parar por aí, para não transmitir uma sensação de pessimismo.

Mas quero acrescentar ainda que esta mesma fraqueza também esteve presente nos vinte séculos de história da Igreja. Foram raros os momentos, nesse largo espaço de tempo, em que se poderia afirmar que o Eterno atendeu o pedido: “Ó Senhor, dai-nos também prosperidade” (Sl 118, 25).

Então surge a grande interrogação: o que fez com que a Igreja, esse “pequeno rebanho” (Lc 12, 32), alcançasse tamanha penetração nas consciências, nestes dois milênios, apesar da evidente falta de poder de decisão? Por que a opinião pública mundial tem medo das posições de pensamento dos discípulos de Cristo? Por que, apesar da penúria de nossos recursos, temos milhões e milhões de santos  seguidores do evangelho?

E aí nossas perguntas desembocam na pessoa de Cristo. A Igreja pertence a Ele. É sua a incumbência de cuidar dela. “Ele nos salvou, porque fomos lavados por sua misericórdia, através do poder regenerador do Espírito Santo” (Ti 3, 5). Devemos organizar as diversas pastorais, como se tudo dependesse de nós. Mas não vamos esquecer  que foi  Ele que fundou a sua Igreja, e não vai permitir que ela soçobre diante das forças incríveis do mal.



 
 
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