Colunas
 
Colunas de sustentação
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
 
Leia os outros artigos
 

Falo do assunto em estado de constrangimento. Corro o risco de mal me expressar, além de abordar (suspeitamente? ) tema relacionado com os Bispos. Se eu não fosse sucessor dos Apóstolos, no entanto, eu falaria a mesma coisa.

A Igreja católica é apostólica. Isso significa: não só que ela tem uma doutrina que vem dos apóstolos, mas também que ela tem vínculo especial com os apóstolos de hoje, os Bispos. Estes, desde a origem, foram pessoas em quem se apoiavam a doutrina cristã, a liturgia e a coordenação das comunidades.

Os discípulos eram fiéis à doutrina dos apóstolos, e à fração do pão” (At 2,42). Tal importância teve seus momentos de sombra, mas foi sabiamente recuperada pelo Concílio. Hoje essa “doutrina” está exposta no “Catecismo da Igreja Católica”.

O vínculo entre o Bispo e as comunidades chega a ser tão visceral que se  ousa dizer que não pode haver nenhum católico sem Bispo, e nem muito menos nenhum Padre desligado de seu pai espiritual, aquele que tem o mandato apostólico.

Refugiar-se nas páginas da Bíblia e aderir a suas próprias luzes teológicas, é não emparelhar com a “doutrina dos apóstolos”. João Paulo II até afirma que a Eucaristia, celebrada em estado de oposição à missão do Bispo, pode se tornar ilegítima. Pois o sacrifício de Cristo precisa ser celebrado num estado mínimo de unidade, para ser expressão da comunhão dos santos.

Mas agora entra uma questão fundamental. Podem existir divergências entre o Pastor e as ovelhas do rebanho? Claro, existe uma larga faixa, levada em  espírito de amizade, que admite outras opiniões. Mas devem ser liberdades de cunho familiar, e não de oposição ao ministério episcopal. “Quem vos ouve a mim ouve”.

Desde que não firam a unidade, em assuntos fundamentais, tais compreensões diversificadas podem até levar a uma nova síntese de progresso pastoral. Reconheço, contudo, que nos tempos pós-conciliares, a margem de erro dos Bispos se estreitou muito.

Através dos diversos Conselhos e das Assembléias, o Antístite se apóia no consenso de Padres e de Leigos, para tomar as decisões certas. Desconfie sempre quando existem “levantes” contra o Bispo Diocesano, ou críticas públicas a ações suas, ou pior, quando se destila ódio contra a sua pessoa. Isso seria abrir feridas no corpo comunitário, de difícil cura. Não há divergência que um bom diálogo não consiga ao menos diminuir.



 
 
xm732