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Origem das contradições
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
 
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A psicologia das idades explica em grande parte o comportamento agressivo do adolescente. Sua revolta contra o pai faz parte de sua psicologia.

Suas atitudes imaturas, seus desafios e arrogâncias, pretendem chegar, inconscientemente, à autonomia de vida. Isso, a grosso modo, é benéfico.

Até acho que o adolescente “bonzinho”, sem reivindicações novas, não vai dar personalidade rica.

Não estou estimulando atitudes  irresponsáveis. Depois do tempo de fortes ventanias da adolescência, o mais normal é que se estabeleça o equilíbrio interior, e o jovem se torna elemento criativo e pacificado, entrosado e renovado na sociedade.

Eu me pergunto: os fortes ataques do mundo moderno contra a Igreja Católica não podem ter sua leitura dentro desse quadro?  É verdade, a Igreja precisa evoluir, melhorar, para estabelecer sua fisionomia “sem ruga nem mancha” (Ef 5, 27) .

Há muito o que corrigir e adequar ao ensinamento de Cristo. Essa correção nos faz bem, e deve ser continuada. Mas não é essa a preocupação principal dos ataques dos neo-iluministas, que sentem o maior prazer em flagelar a Igreja. Você já os ouviu falar contra a ONU, contra religiões do Oriente próximo, contra a União Européia? Não, seu poder de fogo se volta para acusar, 99 vezes em 100, a Santa Igreja.

A opinião pública, pelos grandes instrumentos de divulgação, volta-se contra o Papa, mesmo que ele esteja coberto de razão. As palavras “atraso histórico”, “medieval”, “fora da realidade”, “moral superada” são constantes.  A explicação desse comportamento guerreiro (é guerra mesmo), se encontra, não nos defeitos da Igreja (que são muitos), mas na fase psicológica dos tempos atuais.

Gostem ou não gostem, as grandes conquistas da civilização ocidental foram engendradas dentro dos quadros da Igreja: a universidade, a ciência moderna, o direito internacional, a  música, as artes plásticas, as grandes catedrais, a astronomia, o senso de liberdade, as associações...

Muitos líderes modernos querem se livrar – como verdadeiros adolescentes – dessa dependência histórica. Por isso a revolta contra o pai. Tudo indica que esse comportamento mal-humorado vai evoluir, para se tornar maduro. Prenunciamos melhores tempos. “Ensina-nos, Senhor, para termos um coração sábio” (Sl  90, 12).



 
 
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