Adesão de evangélicos ao ecumenismo. |
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG |
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Foram as diversas denominações
cristãs não católicas que, por primeiro,
sentiram a separação entre os adeptos de Cristo.
A Igreja Católica entrou no movimento ecumênico
tardiamente. Foi o Concílio Vaticano II que nos abriu
decididamente para essa nova mentalidade. Mas agora, passados
mais de 40 anos, a grande pergunta é se de fato houve
progressos, se as comunidades cristãs estão mais
próximas umas das outras, ou se o sonho de João
XXIII não passou de uma miragem. Alguns até se
interrogam, se buscar o ecumenismo entre as religiões
cristãs não é “regar pau seco”...
Como vivi, com bastante aproximação, entre avanços
e recuos, esse objetivo de unidade, encontrei as seguintes situações.
1 - Os convictos: Encontrei pastores e comunidades
respectivas, completamente abertos para o ecumenismo, sobretudo
entre luteranos e anglicanos. Alguns até chegavam a perguntar:
“O que devemos fazer para diminuir essa desunião
que existe entre nós”? Entre tais cristãos
encontrei bons amigos, e gente deveras preocupada com a superação
das inimizades, e tolerantes com as fraquezas recíprocas.
“Chega de separação. Vamos diminuir as distâncias”.
2 - Os desconfiados: Há pastores que
tem convicções ecumênicas, e até
gostariam de uma maior aproximação. Mas desconfiam
que a Igreja Católica esteja preparando alguma armadilha,
para roubar os seus fiéis. Ademais, as suas comunidades
estão vigilantes e não toleram grandes mudanças.
Já cheguei a participar de uma reunião com pastores,
onde 14 prometeram de comparecer. Na hora certa só três
vieram.
3 – Os adversários: Infelizmente
há comunidades cristãs que consideram o ecumenismo
uma iniciativa do diabo. Afirmam que esse movimento não
tem nenhum respaldo bíblico, esquecendo-se de que Cristo
orou ao Pai para que “houvesse um só rebanho e
um só pastor” (Jo 10, 16). Tais “seguidores”
de Cristo, algum dia serão ecumênicos, mas antes
querem conquistar a maioria dos católicos. Para eles
o ecumenismo é uma avenida de mão única.
Só querem receber gestos da Igreja Católica, mas
não há nenhuma retribuição. Com
dor no coração o digo: muitas vezes senti que
consideram a Igreja um inimigo comum, que precisa ser combatida
com vigor. Mas não perco as esperanças. O Espírito
Santo, que une e não separa, os alcançará
cedo ou tarde. Um dia seremos realmente todos irmãos.
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