Saques, Invasões, Depredações... |
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG |
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Decididamente, a anarquia é uma forma primitiva de governo.
É inviável, porque considera qualquer poder como
um mal. A sociedade, em sua avaliação, deveria
funcionar sem coordenação, e livre de todas as
forças de coação. É a busca da destruição
violenta do Estado, que procura estabelecer leis, que possibilitem
a convivência pacífica, através da justiça
e do direito.
Para domar os impulsos destrutivos de primitivismo a própria
sociedade partiu para um “pacto social”, um acordo
pelo qual os fortes e os fracos são regidos por leis,
em pé de igualdade. Esse pacto nós chamamos de
Constituição.
Ela estabelece as regras do jogo, e garante o direito à
propriedade, à honra, à organização
de empresas, à prática livre da religião,
à vida pacífica. Isso possibilita a existência
de um povo coeso e trabalhador, porque se podem fazer planos
para o futuro, confiar no respeito recíproco, por existirem
direitos e deveres para todos. É a chave do progresso.
Os grupos inconformados com a ordem existente, consideram-se
acima do acordo social. Tem outros sonhos, seguem seus impulsos,
que os levam a quimeras. Por se sentirem injustiçados
praticam assaltos, saqueiam supermercados, invadem propriedades
produtivas, e...depredam a casa de leis da república.
Comparam esses atos anárquicos às guerras. Como
se elas fossem portadoras de progresso. Os problemas devem ser
resolvidos civilizadamente, por meio de pressões legítimas
e de diálogo. É preciso seguir o caminho mais
longo da negociação. A violência gera outras
violências. “Quem puxar da espada, com espada perecerá”
(Mt 26, 52) já avisou Jesus. O nosso governo está
leniente, passando a mão na cabeça dos infratores,
e com dinheiro público estimulando a anarquia.
Não foi o governo Brizola que tolerou, ou melhor, estimulou
os traficantes dos morros? Hoje temos o resultado: para não
existirem estados dentro do Estado brasileiro, periodicamente
a polícia precisa invadir o domínio dos traficantes,
para quebrar seu poder. O atual governo federal, e o poder judiciário
devem cumprir a Constituição, para não
passarem para a história como coniventes com a guerra
civil, que poderá acontecer.
Para tranqüilizar a todos: sou a favor de uma justa reforma
agrária, a ser alcançada por meio de pressões,
acampamentos, protestos, e novas leis. Mas entendo como grande
prejuízo para a causa, recorrer a métodos violentos,
e perturbar os legítimos proprietários.
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