É o título da Carta Encíclica publicada pelo Papa Bento XVI, tendo como pano de fundo as questões sociais que mais afetam a vida de todos os povos do mundo. A caridade é uma força que impele as pessoas a terem compromisso no campo da justiça e da paz. Mas uma caridade que esteja fundamentada na verdade.

A caridade e a verdade foram colocadas, pelo Criador, no coração e na mente das pessoas. É daí que brota toda a Doutrina Social da Igreja, porque elas fundamentam as relações entre as pessoas e delas com Deus. Tanto a caridade como a verdade, ambas passam por um profundo momento de esvaziamento.

A caridade, fundamentada na verdade, é a propulsora do verdadeiro desenvolvimento, de sustentabilidade, que tem sua força absoluta em Deus. O amor à verdade é fruto de uma vocação dada pelo Criador às suas criaturas humanas. Isto revela o rosto do projeto de vida de Jesus Cristo.

A caridade cria relações, mas tem sido esvaziada nos últimos tempos, inclusive passando por profundos desvios de sentido. É encarada hoje como fato irrelevante no momento de interpretar e de orientar os atos morais.

O que estamos sentindo no contexto social e cultural é que a falta de caridade vem relativizando a verdade. Com isto as relações deixam de ser autênticas entre as pessoas. A verdade é luz para a caridade.

Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo e o amor não passa de atitude vazia. Até podemos dizer que uma sociedade sem verdade segue a força das emoções e das opiniões subjetivas. Caridade e verdade perdem sua força de referência.

Relativizando a verdade, o mesmo acontece com os valores da vida. Com isto dizemos que não há lugar para Deus no mundo. A sua presença torna-se um estorvo, jogando por terra a moralidade dos atos, que são fundamentados nos princípios da verdade divina.

Todas as pessoas são destinatárias do amor de Deus e sujeitas da caridade. Com isto devem proclamar a verdade de Cristo na sociedade. É urgente recuperar os princípios da verdade conclamados pela Doutrina Social da Igreja.

A falta da verdade, da confiança e do amor dificulta a consciência de responsabilidade, ficando a atividade social à mercê dos interesses privados e da lógica do poder. Este é o retrato do que temos experimentado na cultura moderna.

Seguindo a orientação da Igreja vamos encontrar firmeza de ação moral no mundo. A justiça e o bem comum são critérios fundamentais para a ação moral. Vamos sentir que a caridade supera a justiça no sentido de dar ao outro o que é meu, mas a caridade nunca existe sem a justiça, o dar ao outro o que é dele.